Batalha de Le Mans (10 a 12-01-1871)

Batalha de Le Mans (10 a 12-01-1871)

 

Batalha de Le Mans

A Batalha de Le Mans ocorreu entre 10 e 12 de Janeiro de 1871, a cerca de dez quilómetros a Leste de Le Mans, em Sarthe, principalmente no local do acampamento militar de Auvours em Champagné (daí também ser conhecida por Batalha de Auvours). Foi uma derrota decisiva da França contra a Prússia na Guerra Franco-Prussiana de 1870.

Após a Batalha de Orleães, de 2 a 4 de Dezembro de 1870, o General Chanzy assumiu o comando do Exército do Loire e reagrupou as forças francesas em direção a Le Mans. Três dos seus Corpos foram então retirados para reforçar o Exército de Leste (ou Oriental). Após a Batalha de Coulmiers (a 9 de Novembro de 1870), o 1º Corpo do Exército Real da Baviera uniu forças com o Grupo de Exército do Grão-Duque de Mecklemburgo.

O Estado-Maior francês em Versalhes decidiu posicionar a maior parte das forças francesas na região de Le Mans. Esta infeliz decisão pode ser explicada, entre outras coisas, pelos conflitos em torno de Dreux.

O Grão-Duque direccionou o seu Exército para Le Mans, mas em vez de encontrar aí tropas regulares, encontrou grupos de atiradores que foram atrasando efectivamente o seu progresso. Os regimentos de Infantaria de linha franceses agrupados em torno de Le Mans (XXI Corpo de Exército e recrutas da Bretanha) evitaram o combate.

O Exército do Loire permaneceu escondido em Orleães durante quase todo o mês de Novembro, continuando a treinar os seus soldados.

No final de Novembro, o exército do Grão-Duque conseguiu retomar o seu avanço para Sul, em direcção ao Vale do Loire. Alcançou o objectivo mesmo a tempo de participar na Batalha de Orleães. O 21º Corpo do Exército Francês permaneceu em Le Mans e, por isso, não participou nestas batalhas.

No final da Batalha de Orleães de que resultou a queda desta cidade (a 4 de Dezembro de 1870), o General de Paladines foi destituído do seu comando e o Exército do Loire foi dividido em dois para reforçar o Exército Bourbaki (Exército de Leste) e constituir o “Segundo Exército do Loire” do General Chanzy.

Embora os prussianos tivessem tentado perseguir o inimigo, o Exército do Loire conseguiu tomar a estrada para Le Mans, retendo os perseguidores prussianos com uma série de batalhas de retirada: primeiro em Meung (ou mais precisamente em Nevoy perto de Gien) a 7 de Dezembro, depois a 8 de Dezembro com um contra-ataque de escala limitada em Beaugency.

No entanto, foi forçado a recuar porque o 9º Corpo de Exército de von Manstein ameaçou cortar a sua retirada. Em Beaugency, as tropas que fugiam de Orleães juntaram-se ao exército enviado para Le Mans, formando assim um exército de 100.000 homens.

O degelo, acompanhado de chuvas contínuas, impediu qualquer manobra de grande envergadura. Os alemães aproveitaram este revés para reorganizar as suas unidades. O exército do Grão-Duque de Mecklemburgo continuou a importunar os franceses. Após alguns combates, capturou Blois a 13 de Dezembro, depois Vendôme a 17 de Dezembro, fazendo vários prisioneiros, incluindo os franco-atiradores. No entanto, teve de interromper o avanço, porque as suas tropas, dizimadas pelas escaramuças e exaustas, já não estavam em condições de continuar.

No final de Dezembro, o I Corpo Bávaro do General von der Tann juntou-se ao Exército do Grão-Duque mas, após três meses de combates praticamente ininterruptos, acabou por ser destacado para o Cerco de Paris.

Por essa altura, os 150.000 combatentes do General Chanzy reuniram-se em Le Mans. Este exército deveria liderar um ataque coordenado contra Paris. Em torno de um núcleo formado pelos 16º, 17º e 21º Corpos, foram reunidas unidades do I Exército do Loire e, depois, ao longo dos dias, várias brigadas de voluntários. Destes 150.000 homens, um terço, no início de Janeiro, não tinha qualquer experiência de fogo, e o XXI Corpo não tinha combatido em Orleães.

Os prussianos decidiram, a 1 de Janeiro de 1871, marchar contra Le Mans, para não permitir a reorganização deste Segundo Exército do Loire, e assim derrotar definitivamente o inimigo. Para o efeito, a 6 de Janeiro reagruparam o 2º Exército do Príncipe Friedrich Karl von Preußen em torno de Vendôme.

No início de Janeiro de 1871, esta unidade, formada pelo 3º Corpo de Exército de von Alvensleben, o 10º Corpo de Exército de von Voigts-Rhetz, o 13º Corpo de Exército do Grão-Duque Frederico Francisco de Mecklemburgo, a 18ª Divisão de Infantaria do 9º Corpo (von Manstein) e quatro divisões de Cavalaria (1ª, 2ª, 4ª e 6ª), tinha 58.000 soldados de Infantaria, 15.000 de Cavalaria e 324 canhões.

O avanço do 2º Exército Alemão foi dificultado pela chuva contínua, tornando as estradas lamacentas e a região montanhosa propícia a emboscadas. As colunas tinham de ser deslocadas para a frente lado a lado, o que representava uma frente de 100 km. Esta formação deveria permitir o cerco do inimigo em caso de encontro, mas o considerável alongamento das colunas alemãs comprometeu a coordenação dos diferentes Corpos de Exército.

A 7 de Janeiro chegaram a Sargé-sur-Braye e a 9 de Janeiro a Ardenay-sur-Mérize. Os primeiros combates ocorreram muito perto de Le Mans, nas margens do rio Huisne.

Na noite de 10 de Janeiro, o príncipe Friedrich Karl estabeleceu o seu quartel-general no Castelo de Ardenay, que partilhou com o Chefe do Estado-Maior do II Exército alemão, o General von Stiehle, para continuar os movimentos rápidos do III Corpo de Exército.

O ataque foi lançado às 9h00 do dia 11 de Janeiro. Os alemães encontraram forte resistência do XVI Corpo do Almirante Jauréguiberry em redor das quintas de Landière e Tertre, e só através da intervenção da 5ª Divisão, vinda do Sul, é que os franceses foram desalojados das suas posições e abandonaram o subúrbio de Pontlieue, deixando o rio Huisne sem defesa a Sudeste de Le Mans. A 20ª Divisão do General Alexander von Kraatz-Koschlau vinda do Sul via Mulsanne reforçou o ataque alemão. A 36ª Brigada do IX Corpo de Exército capturou a aldeia de Champagné.

No final do dia, o General Chanzy deu ordem para abandonar a margem do rio Huisne: a sua ala esquerda deveria retirar para Norte, para Alençon, a ala central e a ala direita deveriam posicionar-se a Oeste do Sarthe.

O avanço obtido pelos alemães no dia anterior estendeu-se ao subúrbio de Pontlieue e à tomada de Yvré-l’Évêque. No dia 12 de Janeiro a batalha terminou em combates de rua que se prolongaram até altas horas da noite na cidade de Le Mans.

Os confrontos pelo controlo da ponte e da barricada de Pontlieue foram liderados pelas 19ª e 5ª divisões alemãs: os 17º e 91º regimentos de Infantaria entraram pela rua principal, enquanto o 56º regimento de Infantaria ocupou a estação.

No curso superior do rio Huisne, Montfort rendeu-se ao XIII Corpo de Exército alemão.

As 17ª e 22ª divisões invadiram Saint-Corneille e La Croix e obrigaram o XXI Corpo francês do Capitão Jaurès a recuar para Lombron. A 35ª Brigada do IX Corpo de Exército Alemão, coberta pelo XIII Corpo de Exército, tomou a margem Norte do rio Huisne e tomou posição sem luta ao longo do riacho Parence. A retirada francesa para Le Mans transformou-se numa debandada, a ordem do Exército do Loire foi quebrada e uma multidão de soldados desertou. O Exército do Loire estava derrotado.

O 2º Exército Alemão perdeu 200 oficiais e 3.200 homens nos últimos sete dias, mas fez 20.000 prisioneiros e capturou 17 armas e duas bandeiras ao inimigo. As investidas da 6ª Divisão de Cavalaria (General von Schmidt) aumentaram ainda mais este número. Quase um terço do Exército do Loire desertou, 29.000 soldados foram mortos, feridos ou feitos prisioneiros. O restante exército recuou em direção a Laval (que alcançou a 16 de Janeiro), deixando para trás a maior parte do seu trem de Artilharia.

Na noite de 13 de Janeiro, a 20ª Divisão alemã capturou o acampamento de Conlie, onde estavam estacionados os reservistas da Bretanha. Após tais perdas, o Exército do Loire deixou de representar uma ameaça séria para os prussianos.

A perspectiva de libertar Paris estava a desvanecer-se, mas parecia que Chanzy nem sequer ponderava reorganizar o exército ou continuar a guerra. Até ao armistício de 29 de Janeiro, o Exército do Loire não voltou a combater.

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