Cerco de Paris (19-09-1870 a 28-01-1871)

Cerco de Paris (19-09-1870 a 28-01-1871)

 

Cerco de Paris

O Cerco de Paris decorreu de 19 de Setembro de 1870 a 28 de Janeiro de 1871 e terminou com a captura da cidade pelas forças dos vários estados da Confederação da Alemanha do Norte, liderados pelo Reino da Prússia.

O cerco foi o culminar da Guerra Franco-Prussiana.

Com a captura de Napoleão III, após a derrota na Batalha de Sedan, o Segundo Império Francês entrou em colapso e foi declarada a Terceira República Francesa, provisoriamente liderada pelo Governo de Defesa Nacional.

Apesar das forças alemãs terem chegado e cercado Paris a 19 de Setembro de 1870, o novo governo francês defendeu a continuação da guerra, o que levou a mais quatro meses de combates, durante os quais Paris foi continuamente cercada.

Com a cidade completamente cercada, a guarnição parisiense efectuou três tentativas de fuga mal sucedidas e as forças alemãs iniciaram uma campanha de bombardeamento de Artilharia relativamente ineficaz da cidade em Janeiro de 1871.

Em resposta aos maus resultados do bombardeamento os prussianos trouxeram Artilharia de grande calibre para atacar a cidade a partir de 25 de Janeiro de 1871. Com maior poder de bombardeamento e com uma população e guarnição parisienses cada vez mais famintas e doentes, o Governo de Defesa Nacional concluiria as negociações de armistício com a Confederação da Alemanha do Norte a 28 de Janeiro de 1871.

A derrota francesa na guerra conduziu à unificação vitoriosa da Confederação da Alemanha do Norte com os estados ainda independentes da Alemanha do Sul e à declaração do Império Alemão, bem como, à tomada do controlo de Paris por uma população parisiense descontente e radicalizada, que formaria a Comuna de Paris.

 

O Cerco

Já em Agosto de 1870, o 3º Exército prussiano liderado pelo príncipe herdeiro Friedrich Wilhelm da Prússia (futuro Frederico III, imperador alemão), marchava em direção a Paris.

Uma força francesa acompanhada por Napoleão III foi enviada para ajudar o exército cercado pelos prussianos no Cerco de Metz. Esta força foi esmagada na Batalha de Sedan, e a estrada para Paris foi deixada aberta.

Liderando pessoalmente as forças prussianas, o rei Wilhelm I da Prússia (Guilherme I), juntamente com o seu Chefe de Estado-Maior Helmuth von Moltke, assumiram o comando geral do 3º Exército e do novo Exército Prussiano do Mosa, sob o comando de Alberto, príncipe herdeiro da Saxónia, e marcharam sobre Paris praticamente sem oposição.

Em Paris, o Governador e Comandante-Chefe das defesas da cidade, o General Louis Jules Trochu, reuniu uma força de 60.000 soldados regulares, entre os que conseguiram escapar de Sedan sob o comando de Joseph Vinoy e outros que foram reunidos a partir de tropas de reserva.

Os exércitos prussianos chegaram rapidamente a Paris e, a 15 de Setembro, Moltke emitiu ordens para o ataque à cidade. O Exército do Príncipe herdeiro Alberto cercou Paris pelo Norte sem oposição, enquanto o Príncipe herdeiro Frederico avançou pelo Sul.

No dia 18, Versalhes foi tomada, servindo então de quartel-general do 3º Exército e, por fim, de Guilherme I. A 19 de Setembro, o cerco foi militarmente concretizado. O responsável pelo comando das operações relativas ao cerco foi o General (mais tarde Marechal de campo) Leonhard von Blumenthal.

O Chanceler da Prússia, Otto von Bismarck, sugeriu bombardear Paris para garantir a rápida rendição da cidade e tornar inúteis todos os esforços franceses para a libertar, mas o alto comando alemão, liderado pelo rei da Prússia, rejeitou a proposta por insistência do General von Blumenthal, alegando que um bombardeamento afectaria civis, violaria as regras de empenhamento e viraria a opinião de terceiros contra os alemães, sem acelerar a vitória final.

Trochu tinha pouca fé na capacidade da Guarda Nacional, que constituía metade da força de defesa da cidade. Assim, em vez de fazer qualquer tentativa significativa para quebrar o cerco da cidade esperava que Moltke tentasse tomar a cidade de assalto. Confiava assim nas defesas da cidade que consistiam na muralha de Thiers com 33 km e num anel defensivo composto por dezasseis fortes situados em volta da cidade e todos construídos na década de 1840.

Moltke, porém, nunca teve qualquer intenção de atacar a cidade e isso ficou claro logo após o início do cerco.

Trochu acabou por permitir que Vinoy fizesse uma tentativa para romper o cerro, mas esta resultou infrutífera. Numa segunda tentativa o General Carey de Bellemare tomou a cidade de Le Bourget mas, os Prussianos, conseguiram retomar a cidade e capturar 1.200 soldados franceses.

Ao saber da rendição francesa em Metz e da derrota em Le Bourget, o moral em Paris começou a baixar. O povo de Paris começava a sofrer os efeitos do bloqueio alemão.

Na esperança de aumentar a moral, a 30 de Novembro, Trochu lançou o maior ataque francês. Auguste-Alexandre Ducrot com 80.000 soldados atacou os prussianos em Champigny, Créteil e Villiers.

Na Batalha de Villiers, os franceses conseguiram capturar e manter uma posição em Créteil e Champigny, mas a 2 de Dezembro, o XIII Corpo (Real Württemberg) tinha parado a ofensiva e a batalha terminou a 3 de Dezembro.

Trochu renunciou ao cargo de Governador e deixou a responsabilidade da defesa ao General Joseph Vinoy, que contava com 146.000 defensores.

Em Janeiro, seguindo o conselho de Bismarck, os alemães dispararam cerca de 12.000 projécteis contra a cidade ao longo de 23 noites, numa tentativa de quebrar a moral parisiense.

A 25 de Janeiro de 1871, já com Bismarck no comando este ordenou imediatamente que a cidade fosse bombardeada com canhões de grande calibre. Isto levou à rendição da cidade a 28 de Janeiro de 1871.

As discussões secretas sobre o armistício tinham começado a 23 de Janeiro de 1871 e continuaram em Versalhes entre Júlio Favre e Bismarck até ao dia 27 de Setembro.

Trinta mil soldados prussianos, bávaros e saxões realizaram um breve desfile de vitória em Paris, a 1 de Março de 1871.

No final do cerco, Guilherme I foi proclamado Imperador Alemão a 18 de Janeiro de 1871 no Palácio de Versalhes. Os reinos da Baviera, Württemberg e Saxónia, os estados de Baden e Hesse e as cidades livres de Hamburgo e Bremen foram unificados à Confederação da Alemanha do Norte para criar o Império Alemão.

O tratado de paz preliminar foi assinado em Versalhes, sendo o tratado de paz final assinado a 10 de Maio de 1871 (Tratado de Frankfurt).

Otto von Bismarck conseguiu garantir a Alsácia-Lorena como parte do Império Alemão.

A presença contínua de tropas alemãs fora da cidade irritou os parisienses. Surgiu ainda mais ressentimento contra o governo francês e, em Março de 1871, os trabalhadores parisienses e os membros da Guarda Nacional revoltaram-se e estabeleceram a Comuna de Paris, um governo socialista radical, que se prolongou até ao final de Maio desse ano.

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