
Retirada do Exército Bourbaki para a Suiça
O Exército Bourbaki, também conhecido pelo Exército de Leste, foi o último exército a combater o invasor prussiano, na Guerra Franco-Prussiana. Foi formado perto do final da guerra a partir dos remanescentes do Exército do Loire, paramilitares e novos recrutas, após a derrota francesa na Batalha de Sedan. Comandado pelo General Charles Bourbaki, passou do sucesso à derrota em Janeiro de 1871.
A tarefa inicial do Exército era socorrer a fortaleza sitiada de Belfort e interromper as linhas de abastecimento alemãs. Entretanto, depois de os franceses terem ganho uma vantagem na Batalha de Villersexel, os alemães reagruparam-se e trouxeram reforços, e os franceses sofreram uma derrota perto de Belfort na Batalha de Lisaine.
A retirada para Sul ocorreu de forma caótica e lenta, e o exército foi cercado na zona de Pontarlier, perto da fronteira com a Suíça. Os Exército composto de 140.000 homens, dizimados pelo frio e pela fome durante um Inverno gelado, e perseguidos pelos exércitos alemães, desde a capitulação da França no Cerco de Paris, encontrava-se de rastos. No armistício assinado entre franceses e prussianos, após a derrota em Paris, o Exército de Leste foi excluído atendendo ao facto de ainda ser uma força beligerante. Por este facto era perseguido pelas forças prussianos.
O General Bourbaki, após tentativa de suicídio, foi substituído pelo General Justin Clinchant.
Num frio quase siberiano tomou-se a decisão de procurar refúgio na Suíça. Assim, 87.847 soldados franceses chegaram ao posto fronteiriço em Verrières e a três outros locais a 1 e 2 de Fevereiro de 1871, em colunas ininterruptas de homens, animais de carga, veículos e canhões.
Os suíços, ansiosos por evitar um ataque prussiano ao seu território, exigiram o desarmamento total do Exército francês. Com base nisto e sujeito ao posterior reembolso dos custos por parte da França, o primeiro acordo de internamento foi concluído num país neutro na noite de 1 de Fevereiro de 1871.

A estadia na Suíça durou seis semanas, uma vez que o chanceler prussiano Otto von Bismarck se opôs ao regresso das tropas a França antes da assinatura dos preliminares de paz.
Estimado em 12 milhões de francos suíços, este valor, considerável para a época, não incluiu os cuidados e a alimentação prestados pela população. O acordo foi resolvido em Agosto de 1872 pela França, tendo a Suíça devolvido então o equipamento apreendido: 140.000 armas, 285 canhões e morteiros, 1.158 veículos e 11.800 cavalos.
Relatada pela imprensa estrangeira, esta dramática derrota apenas gerou raros relatos em França.
Combate de La Cluse

A rectaguarda do Exército de Leste ficou então encarregue de proteger a passagem para a Suíça do grosso das tropas.
Resistiu numa batalha final aos pés do Castelo de Joux. A fortificação foi colocada em estado de prontidão de defesa.
Um muro de neve e gelo foi construído pelos prussianos em frente ao castelo para proteger uma bateria de Artilharia. No dia 1 de Fevereiro de 1871, a meio da manhã, começou o tiroteio. Soldados franceses dispararam contra a barricada.
Os canhões do Castelo de Joux atingiram a Artilharia prussiana, que recuou. O inimigo foi empurrado para trás uns 500 metros. A luta transformou-se depois num combate corpo a corpo com baionetas.
Os alemães tentavam contornar o Castelo de Joux pela montanha mas as encostas eram íngremes e os homens tinham neve até aos joelhos. O tiroteio continuou na mata durante seis horas, até ao anoitecer.
Os franceses conseguiram suster os prussianos até que o resto dos camaradas, mais de 80.000 homens, conseguiram atravessar a fronteira Suiça.
Foi uma das raras batalhas vitoriosas da França na Guerra de 1870.