Gestapo (Geheime Staatspolizei), (em Português: Polícia Secreta do Estado), foi a polícia secreta oficial da Alemanha Nazi e na Europa ocupada pelos alemães.
A força foi criada por Hermann Göring, em 1933, e combinava as várias agências de polícia de segurança da Prússia numa só organização.
Em 20 de Abril de 1934, a supervisão da Gestapo passou para o chefe da Schutzstaffel (SS), Heinrich Himmler, que também foi nomeado Chefe da Polícia Alemã por Adolf Hitler em 1936. Em vez de ser exclusivamente uma agência estatal prussiana, a Gestapo tornou-se nacional como um sub-gabinete da “Sicherheitspolizei” (SiPo; Polícia de Segurança). A partir de 27 de Setembro de 1939 foi administrada pelo Gabinete Central de Segurança do Reich (RSHA). Ficou conhecida como Amt (Dept) 4 do RSHA e foi considerada uma organização irmã do “Sicherheitsdienst” (Serviço de Segurança (SD)). Durante a Segunda Guerra Mundial, a Gestapo desempenhou um papel fundamental no plano nazi de exterminar os judeus na Europa.
Estabelecimento da Gestapo
A Gestapo foi oficialmente criada no dia 27 de Abril de 1933 por Hermann Göring, unindo as polícias do estado e a polícia política no maior e mais poderoso estado alemão, a Prússia.
Como parte da consolidação do poder nazi, todas as forças policiais foram fundidas numa única. Em 1934, a Gestapo era chefiada pelo chefe das Schutzstaffel (SS) Heinrich Himmler. Em 1936, como resultado das leis da Gestapo, tornou-se uma agência de âmbito nacional, sendo Heinrich Himmler nomeado Chefe da Polícia Alemã. A Gestapo mostrou uma grande tradição de continuidade com as polícias alemãs anteriores, tanto em termos de pessoal quanto em termos organizacionais. Esta continuidade também reflectia o conceito de “Gleichschaltung” (a sincronização das organizações alemãs com o estado nazi). Heinrich Müller, policial de carreira da cidade de Munique, foi o mais famoso dos líderes da Gestapo.
Operações da Gestapo
A Gestapo distinguia-se das outras forças policiais no sentido de que funcionava não só como uma força policial, mas também como uma força inseparável do Partido Nazi (NSDAP). Possuía um mandato para operar fora do cumprimento restrito da lei ou do controlo judicial, de forma a combater actividades legais que eram consideradas como inaceitáveis pelo Partido.
Um dos primeiros trabalhos da Gestapo foi a eliminação de qualquer resistência em potencial à tomada do poder por Adolf Hitler. Os funcionários da Gestapo dirigiam as suas actividades especificamente contra os inimigos políticos dos nazis, tais como comunistas, social-democratas, liberais e outros alvos, sendo que inicialmente não tinha os judeus como alvo prioritário.
“Custódia Protectora”
Uma das armas mais eficazes da Gestapo era a “Schutzhaft” (ou custódia protectora). Diferentemente do seu uso em países democráticos, em que uma testemunha ou algum outro indivíduo é colocado sob custódia do Estado para os proteger de uma ameaça concreta, os nazis utilizavam este conceito de forma bem diferente. Os nazis diziam que, uma vez que algumas pessoas eram consideradas inimigas do estado, eram “tão odiadas” que era necessário confiná-las, sob custódia protectora, para as proteger da raiva “justificada” sentida pelos cidadãos de bem alemães.
Esta lógica distorcida permitiu à Gestapo ter o poder absoluto para prender e manter indefinidamente em cativeiro nos Campos de Concentração (como Dachau) indivíduos que nem sequer tinham sido acusados de qualquer crime e sem lhes permitir uma audiência judicial. No final do Verão de 1933, cerca de 100.000 alemães tinham sido encarcerados em algum momento e cerca de 500 a 600 tinham sido assassinados.
A Gestapo Durante o Holocausto
Com a sua incorporação no Gabinete de Segurança do Reich (RSHA) a Gestapo tornou-se conhecida como Departamento IV, e passou a fazer oficialmente parte do aparato que levou a cabo o Holocausto. Os gabinetes da Gestapo foram espalhados por toda a área da Europa ocupada pela Alemanha. Os membros da Gestapo auxiliavam as Schutzstaffel (SS), na busca e detenção de judeus e a neutralizar os que resistissem. Além disto, a Gestapo também mantinha gabinetes dentro dos campos de concentração.
Os funcionários de nível mais baixo da Gestapo eram designados para trabalhar com as “Einsatzgruppen” (unidades móveis de extermínio), as quais mataram mais de 1.500.000 milhões de judeus que viviam em áreas da ocupadas pela Alemanha na União Soviética.
Além disto, o Tenente das Schutzstaffel (SS), Adolf Eichmann, foi o responsável pela coordenação da deportação em massa dos judeus europeus para os centros de extermínio (Holocausto), secção IVb4 da Gestapo. Em quase todas as circunstâncias a Gestapo trabalhava em estreita cooperação com a Polícia de Segurança (SD), bem como com líderes militares locais e das Schutzstaffel (SS) para destruir qualquer resistência ao regime nazi e facilitar a política anti-judaica.
Fim da Gestapo
No final da Segunda Guerra Mundial a Gestapo foi dissolvida pelos Aliados. Foi considerada uma organização criminosa e muitos dos seus membros foram levados a julgamento. Muitos dos seus funcionários menores foram presos e cumpriram prisão entre dois a três anos, e os seus nomes mais influentes, como Himmler e Göring, foram capturados, mas cometeram suicídio.
Göring chegou a ser julgado e condenado à morte por enforcamento, mas, tal como Himmler, conseguiu ingerir uma cápsula de cianeto, o que levou ambos à morte. Esses julgamentos e prisões fizeram parte do esforço dos Aliados de promover a “desnazificação” da Alemanha após a guerra através do julgamento dos criminosos de guerra.
Outro nome influente da Gestapo foi Heinrich Müller, que esteve à frente dos assuntos administrativos de 1936 a 1945. Acredita-se que tenha morrido durante algum bombardeamento soviético nos últimos dias da Batalha de Berlim, uma vez que os seus restos mortais foram encontrados numa vala dum cemitério na capital alemã. Durante muito tempo, acreditou-se que Müller tinha conseguido fugir.