1916 – 1918

Grande Guerra – Ocupação Alemã da Rússia
Não existia qualquer Frente Unida na Rússia quando a Guerra foi declarada na Alemanha e na Áustria. A Memória da desastrosa Guerra Russo-Japonesa estava muito presente e era possível que psicologicamente a Rússia ainda não tivesse conseguido superar essa derrota.
A Guerra, no entanto, veio ajudar na consolidação das relações entre a Rússia, a Grã-Bretanha e a França. Os investimentos Franceses na indústria Russa financiaram efectivamente o seu desenvolvimento.
Acreditava-se que o poder naval da Grã-Bretanha e os exércitos da Rússia e da França poderiam corresponder, para a Alemanha, a muito mais que uma simples competição.
A declaração de Guerra também dividiu os russos.

Soldados Russos marcham para a frente de combate (1914/17)
A Rússia simplesmente não estava pronta para a guerra contra uma nação tão poderosa como a Alemanha. Não existiam planos para colocar a economia Russa em situação de guerra. O seu desenvolvimento industrial tinha-se centrado na indústria pesada, mas não na produção de armas modernas.
Em 1914, a mobilização Russa foi ordenada a 29 de Julho, e a Alemanha declarou Guerra à Rússia a 1 de Agosto. A Áustria-Hungria declarou guerra à Rússia em 6 de Agosto.
Quando a Rússia entrou na guerra, o seu exército contava com 1.5 milhões de homens – muito maior que o exército Britânico e numericamente equivalente ao exército Alemão. Com 3 milhões de reservistas, no papel, a Rússia era uma potência militar incrível. No entanto, muitos simplesmente não eram mais do que carne para canhão.

Soldados Alemães na Frente Leste
O exército Russo tinha 60 baterias de artilharia pesada. O exército alemão tinha 381. A Rússia tinha 2 metralhadoras por batalhão. A Alemanha tinha 36.
O exército Russo que invadiu a Prússia Oriental foi derrotado em Tannenberg, a 31 de Agosto, pelos alemães comandados por Paul von Hindenburg.
A Rússia ficou sem munições para fornecer à sua infantaria em Dezembro de 1914. O exército Russo possuía, em média, um cirurgião para cada 10.000 homens. Muitos homens feridos morreram devido aos ferimentos que teriam sido tratados facilmente na Frente Ocidental. Com as equipas médicas espalhadas numa frente de 500 milhas, a probabilidade de qualquer soldado russo receber qualquer forma de tratamento médico era próxima do zero.
No início, o exército Russo foi bem sucedido contra os Alemães e os Austríacos. A Alemanha foi atacada via Prússia Oriental e na Áustria através dos Cárpatos. Quando os soldados ficaram sem munições lutaram com as baionetas. Ninguém duvidou da coragem dos soldados Russos. O sucesso inicial também conseguiu camuflar os problemas crónicos no exército Russo.
Nenhum exército pode sobreviver a 3.800.000 mortes nos primeiros 10 meses da Guerra. Este número também inclui um vasto número de oficiais que entraram na batalha uniformizados cerimoniosamente, convertendo-se em alvos fáceis para qualquer atirador Alemão ou metralhadora.

Prisioneiros Russos após a derrota em Tannenberg (1914)
Em 1915, um oficial russo tinha 82% de hipótese de ser morto e em algumas áreas da campanha a expectativa de vida era entre 4 a 5 dias. Os russos perderam 100.000 homens em apenas um dia, na Batalha de Tannenberg.
A fortaleza Austríaca de Przmysl rendeu-se aos Russos em 22 de Março de 1915.
A 7 de Maio, os alemães capturaram Libau, um porto báltico Russo. A 8 de Agosto, os Russos derrotaram a frota Alemã de 9 couraçados e 12 cruzadores (ou cruzeiros) de guerra à entrada do Golfo de Riga. Em 31 de Agosto, Lutsk, uma fortaleza Russa é capturada pelos Austríacos. A 6 de Setembro, o Czar Nicolau da Rússia assumiu o comando dos exércitos Russos. O Grão-Duque Nicolau é transferido para o Cáucaso. A Itália e a Rússia estão em guerra com a Bulgária, desde 19 de Outubro.

Nikolái Románov (Nikolái II) (Nicolau II) (1868-1918), Czar da Rússia
A 20 de Abril de 1916, as tropas russas desembarcam em Marselha para prestar serviço na Frente Francesa.
O maior impacto que os russos tiveram foi na Frente Ocidental. Os alemães estavam tão preocupados com o avanço que as tropas Russas tinham inesperadamente efectuado na Prússia, que mudaram duas divisões da Frente Ocidental para a Frente Leste. Isto não fazia parte do Plano Schlieffen e deu espaço para a lufada de ar que os Franceses necessitavam no Marne para deter o avanço Alemão em Paris.
A Ofensiva de Brusilov foi muito bem sucedida, mas apenas no curto prazo. Foi contra o exército Austríaco e não contra o exército Alemão.
As condições do Exército Russo eram pobres. Em conjunto com a terrível taxa de mortes, o acesso aos escassos alimentos e à protecção dependia apenas do local onde poderiam encontrar-se num determinado momento particular no tempo. Com o avançar da guerra, a deserção tornou-se mais comum – assim como a matança de oficiais pelos seus próprios homens. Os representantes soviéticos levaram propaganda para a frente de guerra para incentivar ao motim e difundir as ideias revolucionárias. Descobriram que muitos estavam dispostos a ouvir. Quando o Czar chamou as tropas leais para acabar com a Revolução de Março de 1917, descobriu que poucos estavam dispostos a obedecer.

Tropas Russas na Ofensiva Brusilov (1916)
A campanha calamitosa poderia facilmente ter sido a razão para a captura dos generais do Exército Russo. Nicolau não precisava de ficar relacionado às suas falhas. No entanto, quando decidiu ir para a frente de guerra para assumir o comando pessoal do Exército Russo, como Comandante Supremo, assumiu toda a culpa pelas derrotas. Para alguns, foi uma acção heróica – para outros, foi uma grande tolice.
A 10 de Março, o Czar da Rússia suspende as sessões da Duma. No dia 15, o Czar Nicolau II abdica. O Príncipe Lvoff encabeça um novo gabinete. O Conselho Russo de Trabalhadores e os Delegados Militares exigem uma conferência de paz, a 11 de Maio.
A 1 de Julho, os Russos começam uma ofensiva em Galicia, e Alexander Kerensky, Ministro da Guerra, lidera-a pessoalmente. Entre 16 e 23 de Julho, os Russos recuam da frente 155 milhas.
Kerensky sucede a Lvoff.

Tratado de Brest-Litovski, 3 de Março de 1918
A Rússia proclama a república a 16 de Setembro. Os Bolcheviques Russos, liderados por Lenine e Trotzsky, prendem Potrograd e derrubam com sucesso o governo Russo depondo Kerensky a 7 de Novembro, e Lenine torna-se Primeiro-Ministro da Rússia, sucedendo a Kerensky no dia 10.
A 17 de Dezembro, o governo Russo e os Poderes Centrais concordam na assinatura de um armistício.
O Tratado de Brest-Litovski assinado a 3 de Março de 1918, em Brest-Litovski, agora Brest, Bielorrússia, entre a Rússia e os Poderes Centrais liderados pela Alemanha, marcou a saída da Rússia da Grande Guerra.
O tratado, que estaria praticamente obsoleto antes do final do ano, deu algum alívio aos Bolcheviques, que estavam acorrentados na luta contra a Guerra Civil Russa.
O Império Russo

Revolução Russa ou Socialista (1917)
Provavelmente, o evento mais importante que foi precipitado pelas privações da Grande Guerra foi a Revolução Russa de 1917. A Rússia, que já sofria social e economicamente, foi dilacerada por uma guerra civil mortífera que deixou mais de 5,5 milhões de pessoas mortas e grandes áreas do país devastadas.
Durante a Revolução Russa de 1917 e a subsequente Guerra Civil Russa, muitas nacionalidades não-Russas ganharam breves períodos ou períodos mais longos de independência. A Finlândia, Lituânia, Letónia e Estónia ganharam uma relativa independência permanente, embora os Estados Bálticos tenham sido anexados pela União Soviética em 1940. A Arménia, Geórgia e Azerbaijão estabeleceram-se como Estados independentes na região do Cáucaso.

Vladimir Ilyich Ulianov (Lenine) (1870-1924), a discursar durante a Revolução Russa, em 1917
Como resultado do fracasso dos Governos Provisórios Russos na cedência de território, as forças Alemãs e Austríacas derrotaram os Exércitos Russos e o novo governo comunista assinou o Tratado de Brest-Litovski, em Março de 1918.
Nesse tratado, a Rússia aceitou todas as reivindicações da Estónia, Finlândia, Letónia, Lituânia, Ucrânia, e o território da Polónia, o qual foi deixado pendente, pela Alemanha e pela Áustria-Hungria, “para determinar o futuro estatuto desses territórios, de acordo com a vontade da sua população“. Mais tarde, o governo de Lenine renunciou também ao Tratado da Divisão da Polónia, tornando possível à Polónia reivindicar as suas 1.772 fronteiras. No entanto, o Tratado de Brest-Litovski ficou obsoleto quando a Alemanha foi derrotada mais tarde em 1918, deixando o estatuto de grande parte do Leste da Europa numa posição indefinida.
Após a Grande Guerra e pelo facto de a Alemanha ter perdido a Guerra, a União Soviética saiu beneficiada e ficou em condições de poder rejeitar o Tratado de Brest-Litovski.
Em 1922 esses países foram proclamados como Repúblicas Soviéticas e, eventualmente, absorvidos pela União Soviética. No entanto, a Turquia tinha até então capturado o território Arménio à volta de Artvin, Kars e Igdir, e essas perdas territoriais tornar-se-iam permanentes. A Roménia ganhou o território da Bessarábia à Rússia.