Schleswig-Holsteinischer Krieg, também chamada Guerra dos Três Anos, (em português: Primeira Guerra do Eslévico), foi o primeiro dos conflitos militares no Sul da Dinamarca e no Norte da Alemanha provocados pela “Questão dos Ducados”, uma disputa pelo controlo dos ducados do Eslésvico (Schleswig) e da Holsácia (Holstein).
Ducado do Eslésvico (Schleswig)
Ducado Eslésvico, (em alemão: Herzogtum Schleswig), era um feudo localizado na península da Jutlândia, governado pelos dinamarqueses até à Guerra dos Ducados do Elba de 1864, quando, derrotados, cederam o controlo aos dois maiores estados germânicos, Reino da Prússia e Império Austríaco.
Ducado da Holsácia (Holstein)
O Ducado da Holsácia, (em alemão: Herzogtum Holstein) era o estado mais setentrional do então Sacro Império Romano, situado no actual estado alemão de Schleswig-Holstein. Teve origem quando o Rei Christian I da Dinamarca viu o seu feudo de Holstein-Rendsburg elevado a ducado pelo Imperador Frederico III, em 1474. Membros da Casa Dinamarquesa de Oldenburg governaram Holstein, juntamente com o Ducado de Schleswig-Holstein, durante toda a sua existência.
De 1490 a 1523 e novamente de 1544 a 1773, o Ducado foi dividido entre vários ramos de Oldenburg, mais particularmente os duques de Holstein-Glückstadt (idênticos aos Reis da Dinamarca) e Holstein-Gottorp. O Ducado deixou de existir quando, após a Guerra Austro-Prussiana de 1866, o Reino da Prússia o anexou.
A Questão dos Ducados
Eslésvico (Schleswig) era um ducado soberano de maioria dinamarquesa, vinculado à coroa da Dinamarca por uma União Pessoal e por laços feudais. Já Holsácia (Holstein) era um ducado soberano, de maioria alemã, que integrara o Sacro Império Romano-Germânico e, de 1815 a 1864, à Liga Alemã (ou Confederação Germânica), mas ligado à Dinamarca por uma União Pessoal desde o século XV. Por outras palavras, o rei da Dinamarca era o duque do Eslésvico e da Holsácia, territórios governados, na prática, pelos dinamarqueses. O chamado Tratado de Ribe (1460) dispunha que os dois ducados não poderiam ser separados.
A extinção da linhagem real masculina da Dinamarca, com a morte do rei Frederico VII da Dinamarca, criou para os dinamarqueses o problema de como manter o seu controlo sobre o Eslésvico-Holsácia, cobiçado por defensores da unificação Alemã (as regras sucessórias dos ducados, que adoptavam a lei sálica, diferiam das dinamarquesas em caso de inexistência de herdeiro varão).
A seguir à agitação causada pelas Revoluções de 1848 (e com a questão sucessória dos ducados em mente), Frederico promulgou uma constituição democrática comum à Dinamarca e ao Eslésvico. Esse acto provocou um movimento separatista nos ducados, apoiado pela Prússia, que levou à eclosão da Primeira Guerra do Eslésvico (Schleswig).
A Guerra
Em Março de 1848, a grande maioria alemã de Eslésvico-Holsácia (Schleswig-Holstein) rebelou-se contra a Dinamarca e procurou a independência frente a esta última, com o objectivo de associar estes territórios à Confederação Germânica. Uma intervenção militar do Reino da Prússia a favor da revolta expulsou as tropas dinamarquesas dos ducados.
A guerra, que durou de 1848 a 1851, terminou quando as grandes potências europeias pressionaram a Prússia a aceitar o Protocolo de Londres de 1852. Nos termos deste acordo de paz, a Confederação Germânica devolvia o território de Eslésvico-Holsácia à Dinamarca. Em troca, num acordo com a Prússia, a Dinamarca comprometeu-se a que o Eslésvico (Schleswig) não teria maior afinidade constitucional com a Dinamarca do que a Holsácia (Holstein).
O resultado da guerra, portanto, não foi conclusivo e um novo conflito eclodiu em 1864, na Segunda Guerra do Eslésvico (ou Schleswig), também chamada Guerra dos Ducados, que fez parte do processo de unificação da Alemanha. A unificação total dos estados germânicos ocorreria em 1871, no fim da Guerra Franco-Prussiana.