1945 – 1949
OCUPAÇÕES ALIADAS NA ALEMANHA NO PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
A 10 de Fevereiro de 1945, durante a Conferência de Ialta, os líderes dos principais países aliados, pela URSS Josef Stalin (Estaline), o primeiro-ministro inglês Winston Churchill e o presidente americano Franklin Roosevelt concordaram em aceitar a França como a quarta potência de ocupação, abrindo caminho para a criação de quatro, e não três, zonas de ocupação no território Alemão.
Estados Unidos da América
A zona americana de ocupação na Alemanha consistia nos estados da Baviera e Hesse, no Sul da Alemanha, e partes do Norte do actual estado de Baden-Württemberg. O porto de Bremen (no baixo Rio Weser) e Bremerhaven (na foz do rio Weser no Mar do Norte) também estiveram sob comando americano. A sede do governo americano era num complexo de edifícios em Frankfurt am Main.
Britânica
O Exército Canadiano estava bloqueado nos Países Baixos, até à rendição alemã em 5 de Maio de 1945. Após a libertação dos Países Baixos e a conquista do Norte da Alemanha pelo Exército Britânico, o Exército Canadiano retirou-se da Alemanha, deixando a área para o Exército Britânico nas regiões de Bremen e Bremerhaven.
Francesa
Apesar de ser uma das potências aliadas, a República Francesa inicialmente não recebeu uma zona de ocupação na Alemanha. Mais tarde, porém, os governos britânico e americano reconheceram o papel da França durante a guerra e concordaram em ceder algumas partes ocidentais, das suas zonas de ocupação, ao exército francês.
Em Abril e Maio de 1945, o 1º Exército francês capturou Karlsruhe e Stuttgart, além de ter conquistado um território que se estendia até o Ninho da Águia de Adolf Hitler e a parte mais ocidental da Áustria.
Em Julho, os franceses renunciaram a Stuttgart para os norte-americanos e, em troca, receberam o controle de cidades a Oeste do Reno, como Mainz e Koblenz, nos estados de Baden-Württemberg, Renânia-Palatinado e Sarre (Saarland).
Soviética
Áreas significativas do que seria a zona soviética da Alemanha não foram atrbuídas aos soviéticos senão uns meses depois do fim das hostilidades. Foram primeiro ocupadas por forças americanas. Em Julho de 1945 os americanos retiraram-se para a zona de ocupação acordada, no que se constituiria mais tarde como a fronteira interna alemã.
A ZOS (Zona de Ocupação Soviética) foi uma das quatro Zonas ocupadas pelos Aliados na Alemanha criadas no fim da Segunda Guerra Mundial.
De acordo com o estabelecido na Conferência de Potsdam, a Administração Militar Soviética na Alemanha (iniciais em alemão: SMAD) obteve controlo sobre as regiões orientais da Alemanha. No início, Estaline queria colocar toda a Alemanha sob influência soviética, não permitindo que o governo exilado em Londres retornasse. Quando os Aliados ocidentais resistiram a esta ideia, procurou criar uma Alemanha unida que seria não alinhada. Quando o Oeste uma outra vez resistiu a estes esforços, Estaline decidiu focar os seus esforços na zona de ocupação soviética.
Em 1945, a ZOS consistia principalmente de antigos territórios da Prússia. Depois da Prússia ter sido dissolvida pelos Aliados em 1947, a área foi dividida entre os estados alemães (Länder) de Brandemburgo, Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Saxónia, Saxónia-Anhalt e Turíngia. Em 7 de Outubro de 1949, a zona soviética transformou-se na República Democrática Alemã (RDA). Em 1952, os “Länder” foram dissolvidos e divididos em 14 distritos (Bezirke), mais o distrito de Berlim Oriental. O quartel-general soviético situava-se em Berlim Oriental, no bairro de Karlshorst (distrito de Lichtenberg).
O ESTADO DE BADEN-WÜRTTEMBERG
Baden-Württemberg é um estado localizado no Sudoeste da Alemanha, a Leste do Reno, que forma a parte Sul da fronteira Ocidental da Alemanha com a França. Com mais de 11 milhões de habitantes em 2017 numa área total de quase 35.752 km2, é o terceiro maior estado alemão em área (atrás da Baviera e Baixa Saxónia) e população (atrás da Renânia do Norte-Vestfália e da Baviera). Como estado federado, Baden-Württemberg é uma república parlamentar parcialmente soberana. A maior cidade de Baden-Württemberg é a capital do estado Stuttgart, seguida por Mannheim e Karlsruhe.
Outras cidades são Freiburg im Breisgau, Heidelberg, Heilbronn, Pforzheim, Reutlingen, Tübingen e Ulm.
O território que hoje faz parte de Baden-Württemberg eram as áreas históricas de Baden, Hohenzollern prussiano e Württemberg.
Baden-Württemberg tornou-se um estado da Alemanha Ocidental em Abril de 1952 pela fusão de Württemberg-Baden, South Baden e Württemberg-Hohenzollern.
Esses estados tinham sido criados artificialmente pelos Aliados após a Segunda Guerra Mundial a partir dos estados tradicionais existentes de Baden e Württemberg, devido à divisão da Alemanha em diversas zonas de ocupação.
Baden-Württemberg está dividido em 35 distritos (Kreise, singular Kreis; ou ainda distritos rurais: Landkreise, singular Landkreis) e 9 cidades independentes (Kreisfreie Städte; ou ainda distritos urbanos: Stadtkreise, singular Stadtkreis), que não fazem parte de qualquer distrito.
História
Após a Segunda Guerra Mundial, os Aliados estabeleceram três estados no território do actual estado de Baden-Württemberg: Württemberg-Hohenzollern, Baden e Württemberg-Baden. Baden e Württemberg-Hohenzollern foram ocupados pela França, enquanto Württemberg-Baden foi ocupado pelos Estados Unidos.
Em 1949, cada estado passou a ser um membro fundador da República Federal da Alemanha (RFA), pelo Artigo 118 da constituição alemã estabelecendo um procedimento de adesão. Em 9 de Dezembro de 1951, Württemberg-Baden, Württemberg-Hohenzollern e Baden votaram por meio de um referendo a favor de uma fusão conjunta. Baden-Württemberg tornou-se oficialmente um estado na Alemanha Ocidental em 25 de Abril de 1952.
No entanto, ainda existiam opositores à fusão de Baden e Württemberg. Em 1956, o Tribunal Constitucional Federal decidiu que a população de Baden deveria ter uma palavra a dizer num referendo separado.
O segundo referendo foi adiado e, mais uma vez, foi o Tribunal Constitucional Federal que decidiu, em 1969, que outro referendo deveria ser realizado até 30 de Junho de 1970.
O referendo foi finalmente realizado em 7 de Junho de 1970 e, como resultado, 81,9% dos eleitores eram a favor da fusão de Baden e Württemberg.
Baden-Württemberg é especialmente conhecido pela sua forte economia, com vários sectores como a indústria de automóveis, engenharia eléctrica e mecânica, o sector dos serviços e muito mais. Possui o terceiro maior produto regional bruto da Alemanha.
O ESTADO DA RENÂNIA-PALATINADO
Renânia-Palatinado, em alemão: Rheinland-Pfalz, é um estado Ocidental da Alemanha. Abrange 19.846 km2 e tem cerca de 4,05 milhões de residentes.
É o nono maior e o sexto mais populoso dos dezasseis estados. Mainz é a capital e a maior cidade. Outras cidades são Ludwigshafen am Rhein, Koblenz, Trier, Kaiserslautern e Worms.
Faz fronteira com a Renânia do Norte-Vestfália, Sarre, Baden-Württemberg e Hesse e com os países França, Luxemburgo e Bélgica.
A Renânia-Palatinado foi fundada em 1946 após a Segunda Guerra Mundial, pela administração militar francesa durante a ocupação da Alemanha pelos Aliados, a partir de partes dos antigos estados da Prússia (parte de sua província da Renânia), Hesse e uma pequena parte da Baviera (um distrito no actual Palatinado).
A Renânia-Palatinado passou a fazer parte da República Federal da Alemanha em 1949 e compartilhou a única fronteira do país com o Protectorado do Sarre até que este foi devolvido à Alemanha em 1957.
O património natural e cultural da Renânia-Palatinado inclui a extensa região vinícola do Palatinado, paisagens pitorescas e uma grande quantidade de castelos e palácios.
História
O estado da Renânia-Palatinado foi fundado logo após a Segunda Guerra Mundial, em 30 de Agosto de 1946.
O actual estado da Renânia-Palatinado fazia parte da Zona Francesa de Ocupação (1945–1949) após a Segunda Guerra Mundial. Compreendia o antigo Palatinado da Baviera, o Regierungsbezirke (“distritos governamentais”) de Koblenz e Trier, que formava a parte Sul da Província da Prússia Renana (Rheinpreußen), as partes da Província de Renano Hesse (Rheinhessen), a Oeste do Rio Reno e pertenciam ao Estado Popular de Hesse (Volksstaat Hessen), partes da província prussiana de Hesse-Nassau (Montabaur) e a antiga região de Oldenburg em torno de Birkenfeld (Principado de Birkenfeld).
Em 10 de Julho de 1945, a autoridade de ocupação do actual estado Renânia-Palatinado foi transferida dos americanos para os franceses. Para começar, os franceses dividiram a região provisoriamente em dois “presidiums superiores” (Oberpräsidien), Rhineland-Hesse-Nassau (para os distritos governamentais até então prussianos e regiões de Koblenz, Trier e Montabaur) e Hesse-Palatinate (para os anteriores Palatinado da Baviera e a velha província de Hessian-Darmstadt de Rhenish Hesse).
A formação do estado foi ordenada em 30 de Agosto de 1946, o último estado na Zona Ocidental de Ocupação a ser estabelecido, pelo Regulamento nº 57 do governo militar francês sob o comando do General Koenig. Foi inicialmente chamado de Rhenish-Palatinate (Rheinpfälzisches Land ou Land Rheinpfalz); o nome Renânia-Palatinado (Rheinland-Pfalz) foi confirmado pela primeira vez na constituição de 18 de Maio de 1947.
Na época, o governo provisório da França queria deixar em aberto a opção de anexar outras áreas a Oeste do Reno depois do Sarre ter passado a protectorado.
No entanto, coube aos americanos e britânicos a liderança do estabelecimento dos estados federais alemães, pelo que, os franceses ficaram sob pressão crescente e, por fim, acabaram por seguir o exemplo dos aliados criando os estados de Baden, Württemberg-Hohenzollern e Renânia-Palatinado.
O governo militar francês proibiu o Sarre de ingressar na Renânia-Palatinado, mantendo-o fora da zona de ocupação. Mainz foi nomeada capital do estado; a “Comissão Mista” (Gemischte Kommission), nomeada como o órgão máximo encarregado da administração do novo estado e da preparação de uma assembleia estadual consultiva, iniciou os seus trabalhos em Mainz. No entanto, como os danos e a destruição resultantes da guerra fizeram com que Mainz não tivesse edifícios administrativos suficientes, a sede do governo estadual e do parlamento foi provisoriamente estabelecida em Koblenz. Em 22 de Novembro de 1946, a reunião constituinte da Assembleia Consultiva do Estado (Beratende Landesversammlung) teve ali lugar, e um projecto de constituição foi redigido.
O ESTADO DO SARRE (SAARLAND)
O Sarre (em alemão, Saarland, Saarbeckengebiet, Saarterritorium) é um território, cuja capital é a cidade de Saarbrücken.
Sob a administração da Sociedade das Nações (ou Liga das Nações), segundo os termos do Tratado de Versalhes em 1920, no pós Grande Guerra, foi desmembrado do Império Alemão e reanexado à França.
História
Em Julho de 1945, tropas de ocupação francesas tomaram o lugar dos militares americanos na região do Sarre (Saarland). O governo local foi dissolvido e, a 30 de Agosto de 1945, assumido por um governo militar francês, sob ordens do General Gilbert ‘Grandval’.
A França tinha como intenção a separação do estado do Sarre do resto da zona de ocupação francesa na Alemanha, intenção essa vetada pela União Soviética. Depois de muitas negociações o modelo adoptado foi o da constituição de uma união económica e pela autonomia restrita da região.
Em 26 de Dezembro de 1946 a França fechou a fronteira do pequeno estado com a Alemanha. Foi permitida a criação de partidos políticos e incentivado o desenvolvimento da região, levando obviamente em conta os interesses de Paris.
O então ministro francês do Exterior encarregou o governador militar ‘Grandval’ de formar uma comissão que elaborasse uma Constituição, baseada nas constituições de outros estados alemães, tendo como objectivo de a longo prazo o território ser integrado na França. Do memorando constava que o Sarre deveria ser anexado à França, dos pontos de vista económico e político-monetário. Para isso teria que adaptar a sua política alfandegária e as questões do direito monetário à França. Seria politicamente autónomo mas as relações exteriores e a defesa seriam da responsabilidade francesa. Impunha ainda a presença de um comissário francês com jurisprudência para garantir a aproximação económica.
Alguns partidos tentaram em vão diminuir a influência francesa. Outros reivindicaram um plebiscito, categoricamente rejeitado pelo administrador ‘Grandval’.
Em 1950 a opinião pública manifestava alguma resistência às estreitas relações económicas com a França e, em especial, contra a eventual naturalização francesa dos habitantes. O governo militar tentou acalmar a população, sem grande sucesso. A população temia a anexação à França.
No entanto, em Outubro de 1955 a maioria da população acabou por manifestar, em plebiscito, o desejo de reintegração à República Federal da Alemanha.
O plebiscito, convocado para a votação da independência do Sarre, embora tendo o apoio do chanceler alemão Ocidental Konrad Adenauer, foi rejeitado. A maioria optou pelo regresso do Sarre à República Federal da Alemanha, o que aconteceria formalmente a 1 de Janeiro de 1957.