Tratado de Versalhes – Alta Silésia

Tratado de Versalhes – Alta Silésia

1919 – 1922

 

Alta Silésia (Oberschlesien)

 

Brasão Histórico da Alta Silésia (Oberschlesien)

A Alta Silésia, (em alemão, Oberschlesien), é a parte Sudeste da região histórica e geográfica da Silésia. A região está situada na margem superior do Rio Oder, a Norte da Cordilheira Oriental dos Sudetos e da Porta Morávia, formando a fronteira a Sul com a região histórica da Morávia. Com os Beskides adjacentes da Silésia a Leste, cadeia montanhosa que faz parte dos Cárpatos Ocidentais, e com o Rio Vístula orientado a nascente, os afluentes Biała e Przemsza marcam a fronteira a Leste com a região da Pequena Polónia. A Norte, a Alta Silésia faz fronteira com a região da Grande Polónia e a Oeste com os territórios da Baixa Silésia, a região adjacente de Wroclaw (Breslávia), também conhecida por Média Silésia.

Na actualidade, a maior fracção do território da Silésia faz parte da Polónia e a menor porção das regiões Checas da Morávia-Silésia e Olomouc. O território Polaco da Alta Silésia cobre a maior parte da Voivodia de Opole (Opole Silesia), excepto para os condados da Baixa Silésia e Brzeg Namysłów, e a Voivodia da Silésia, excepto para os condados da Pequena Polónia de Będzin e Bielsko (parte Oriental). Cobre ainda o condado de Częstochowa com a cidade de Czestochowa, Kłobuck, Myszków Zawiercie e Żywiec, bem como as cidades de Dąbrowa Górnicza, Jaworzno e Sosnowice.

 
História

Ludovik II (Luís II) (1506-1526), Rei da Hungria, Croácia e Boémia

Desde o século IX, a Alta Silésia fez parte da Grande Morávia, do Ducado da Boémia, do Reino Polaco da Dinastia Piast, novamente das Terras da Coroa da Boémia e do Sacro Império Romano, bem como da Monarquia dos Habsburgo desde 1526.

Com a morte em 1526 do Rei Luís II da Hungria e Croácia, pertencente à Dinastia Jaguelónica, as terras da coroa da Boémia foram herdadas pela Casa Austríaca dos Habsburgo.

No século XVI, grande parte da Silésia converteu-se ao Protestantismo. Após a Batalha da Montanha Branca em 1620, os Imperadores Católicos da dinastia dos Habsburgos reintroduziram violentamente o Catolicismo, liderado pelos Jesuítas.

Karl V (Carlos V) (1500-1558), da Casa dos Habsburgo, Imperador do Sacro Império Romano-Germânico

A Baixa Silésia e grande parte da Alta Silésia foram ocupadas pelo Reino da Prússia em 1742, durante a Primeira Guerra da Silésia, e anexadas nos termos do Tratado de Breslau (em Inglês Wroclaw, em Português Breslávia). Uma pequena parte a Sul do Rio Opava permaneceu sob a administração da Casa Austríaca dos Habsburgo como o “Ducado da Alta e Baixa Silésia”, coloquialmente chamado de Silésia Austríaca. Incorporado na Província Prussiana da Silésia desde 1815, a Alta Silésia transformou-se numa área industrial, aproveitando a vantagem de ter em abundância carvão e minério de ferro. A Alta Silésia Prussiana passou a fazer parte do Império Alemão em 1871.

Após a Grande Guerra, em 1919, a parte Oriental da Alta Silésia Prussiana (maioritariamente de etnia Polaca) passou para o domínio Polaco, como é caso da Voivodia da Silésia, enquanto a parte Ocidental, maioritariamente de língua Alemã, permaneceu parcialmente no Reich Alemão, como a recém-criada Província da Alta Silésia.

Entre 1919 e 1921, ocorreram três revoltas na Silésia entre a população de língua Polaca da Alta Silésia.

 

Divisão da Silésia após o Tratado de Versalhes

Do Plebiscito decorrido na Alta Silésia, em Março de 1921, resultou que a maioria votou contra a integração na Polónia, com uma divisão clara entre as comunidades Polacas e Alemãs. A 20 de Junho, a Alemanha cede, na prática, a parte Oriental da Alta Silésia, tornando-se parte da Voivodia da Silésia, como parte da Segunda República Polaca.

Após 1945, quase toda a Alta Silésia, que não foi cedida à Polónia em 1922, foi transferida para a República da Polónia.

A maioria da população de língua Alemã foi expulsa, em conformidade com a decisão das potências aliadas vitoriosas na sua reunião de 1945, em Potsdam. Este programa também incluiu a expulsão dos habitantes que falassem Alemão na Baixa Silésia, na Pomerânia oriental, em Gdańsk (Danzig) e na Prússia Oriental. Os Alemães expulsos foram transportados para a actual Alemanha (incluindo a ex-Alemanha Oriental) e substituídos por Polacos, muitos oriundos das ex-províncias Polacas que foram assimiladas pela União Soviética, no Leste.

O fim do comunismo e a adesão da Polónia à União Europeia não foram suficientes para permitir o reconhecimento da minoria alemã na Alta Silésia Polaca pelo Governo da Polónia.

 
O Plebiscito na Alta Silésia

Revoltosos Polacos na Silésia

Após a Grande Guerra a Polónia reivindicou a Alta Silésia, a qual tinha sido parte da Prússia.

O Tratado de Versalhes tinha recomendado um plebiscito na Alta Silésia para determinar se o território deveria fazer parte da Alemanha ou da Polónia.

Protestos sobre a atitude das autoridades alemãs levaram a tumultos e, eventualmente, à primeira, de duas, revoltas da Silésia.

A 20 de Março de 1921 teve lugar um plebiscito, em que 59,6% dos votos expressos foram a favor da integração na Alemanha. A Polónia reclamou essa votação, alegando que as condições envolventes tinham sido injustas. Este resultado levou à terceira revolta da Silésia, esta em 1921.

A 12 de Agosto de 1921, a Sociedade das Nações (ou Liga das Nações) foi convidada a resolver a questão. O comité recomendou que a Alta Silésia fosse dividida entre a Polónia e a Alemanha, de acordo com as preferências demonstradas pelo plebiscito e que os dois lados deviam decidir os detalhes da interacção entre as duas áreas, por exemplo, se as mercadorias deveriam passar livremente pela fronteira devido à interdependência económica e industrial existente entre ambas as áreas.

Tropas Aliadas na Alta Silésia para garantir a segurança durante o Plebiscito

Em Novembro de 1921 foi realizada uma conferência em Genebra para negociar uma convenção entre a Alemanha e a Polónia. Foi alcançado um acordo final, após cinco reuniões, em que a maioria da área foi atribuída à Alemanha, mas com a secção Polaca a conter a maioria dos recursos minerais da região e grande parte da sua indústria.

A fronteira exacta, a manutenção do tráfego transfronteiriço ferroviário e outras cooperações, bem como a igualdade de direitos para todos os habitantes de ambas as partes da Alta Silésia, foram asseguradas pelo Acordo Germano-Polaco da Silésia Oriental, assinado em Genebra a 15 de Maio de 1922.

Plebiscito na Alta Silésia, 20 Março de 1921

Quando este acordo se tornou público em Maio de 1922, a Alemanha expressou um amargo ressentimento, mas o tratado foi efectivamente ratificado por ambos os países.

O acordo conduziu à paz na área até ao início da Segunda Guerra Mundial.

Hoje, grande parte da Alta Silésia pertence à Polónia e uma menor parte à Silésia Checa, abrangendo a maior parte das regiões Checas da Morávia-Silésia e Olomouc. O território Polaco da Alta Silésia cobre a maior parte da Voivodia de Opole (Opole Silesia), excepto para os condados da Baixa Silésia de Brzeg e Namysłów, e a Voivodia da Silésia, excepto para os condados da Pequena Polónia de Będzin, Bielsko (parte Oriental), o condado de Częstochowa, com a cidade de Czestochowa, Kłobuck, Myszków Zawiercie e Żywiec, bem como as cidades de Dąbrowa Górnicza, Jaworzno e Sosnowice.

O plebiscito dividiu a zonas históricas da Silésia de Cieszyn, bem como a ex-Silésia Austríaca.

 

Resultados do Plebiscito e divisões territoriais