Christian Johann Heinrich Heine foi um poeta romântico alemão, conhecido como “o último dos românticos”. Boa parte da sua poesia lírica, especialmente a sua obra de juventude, foi tocada por vários compositores notáveis como Robert Schumann, Franz Schubert, Felix Mendelssohn, Brahms, Hugo Wolf, Richard Wagner e, já no século XX, por José Maria Rocha Fereira, Hans Werner Henze e Lord Berners.
Natural de Düsseldorf, Heinrich Heine estudou Direito, primeiro na Universidade de Bonn, depois na Universidade de Göttingen e, finalmente, na Universidade de Berlin. Com o passar do tempo descobriu que estava menos interessado no Direito do que na Literatura, apesar de se ter licenciado em Direito em 1825, ao mesmo tempo que decidiu converter-se do judaísmo para o cristianismo luterano, assumindo então o nome de Christian Johann Heinrich e nomeando-se a si próprio pelo nome de Heinrich Heine
Heine trocou a Alemanha por Paris em 1831. Esta opção por Paris, a princípio, foi voluntária. Mas os seus poemas e textos geraram desconforto nas autoridades alemãs e Heine foi tido como um subversivo e sofreu com a censura. As suas obras foram banidas da Alemanha, assim como outros escritos associados ao movimento da Jovem Alemanha de 1835, liderado por Heine. O escritor foi proibido de voltar a viver na sua terra natal e permaneceu exilado na França.
Como poeta, Heine fez a sua estreia com “Poemas” (Gedichte), em 1821. “Livro das canções” (“Buch der Lieder”), de 1827, foi a sua primeira grande colectânea de versos.
A obra de Heine é marcada por intenso engajamento social e político. O escritor é conhecido pelo seu sarcasmo e ironia, presente nos seus poemas e textos, através dos quais critica a sociedade alemã. Influenciado pelos ideais da revolução Francesa, o escritor protestava contra o conservadorismo, principalmente na arte e na política, que considerava ultrapassado e hipócrita.
Em Paris, Heine conheceu e tornou-se amigo de Karl Marx, cerca de 20 anos mais novo. Essa amizade influenciou-o na sua obra, especialmente naquela em que Heine critica a exploração do trabalho humano. Essa questão foi devidamente representada no poema “Os Tecelões de Silésia” (Die schlesischen Weber), de 1844, cujo ritmo remete ao som do trabalho mecânico do tear dos operários. O poema foi traduzido por Friedrich Engels, com quem Heine também firmou amizade, e foi publicado por ele no jornal inglês “The new moral World”, transformando-se no hino da Liga dos Comunistas em Londres.
Outra grande obra de Heine, marcada pelo seu teor político, é “Alemanha, um conto de Inverno” (Deutschland, ein Wintermärchen), no original de 1844. Nesta obra o escritor faz, de modo irónico e sarcástico, uma crítica polémica em relação à política, cultura e sociedade alemã.
Em 1848 Heine adoeceu devido à sífilis e passou a sofrer de paralisia, passando os oito últimos anos da sua vida num colchão, que chamou de “colchão-cripta” (em alemão: Matratzengruft). Quase cego, Heine morreu em Paris, em 1856.