1933 – 1945
Depois do Sacro Império Romano-Germânico (ou Primeiro Reich), de 962 a 1806, e do Império Alemão (ou Segundo Reich), de 1871 a 1918, e principalmente devido à humilhação que se traduziu com a queda do Imperador Guilherme II no fim da Grande Guerra e todas as imposições que a nação Alemã teve que aceitar incondicionalmente, Adolf Hitler alimentou o sonho de um Terceiro Reich, que acabou por impor, em 1933, depois da subida ao poder do seu Partido Nacional-Socialista. O partido ganhara supremacia eleitoral durante a confusão política que se seguiu à crise económica de 1929–1930, criadora de instabilidade e favorável ao aparecimento de extremismos.
Fundado em 1919, na ressaca do humilhante Tratado de Versalhes, que resultou da Conferência de Paz de Paris nesse mesmo ano, pelo qual a Alemanha foi obrigada a pagar indemnizações de guerra aos Aliados, a reduzir os seus efectivos militares e a abandonar as colónias, entre outras obrigações, o NSDAP (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei), partido de Adolf Hitler, depois da revolta falhada de 1923 (Hitlerputsch), decide atingir o poder por vias legais. Porém, a relativa prosperidade e estabilidade que a Alemanha conheceu entre 1924 e 1929 proporcionou fracos resultados eleitorais para os Nazis.
Serão as promessas hitlerianas de superação da grave crise económica da Grande Depressão, o repúdio ao Tratado de Versalhes (“uma facada nas costas da Alemanha”, segundo diziam) e a defesa do rearmamento alemão que cativarão gradualmente o eleitorado. Em 1932, são já a mais representativa formação partidária com assento no “Reichstag” (parlamento), ganhando expressão política com a nomeação, no ano seguinte, de Hitler como chanceler, pelo marechal Paul von Hindenburg.
Imediatamente, Hitler preparou a imposição da ditadura, abolindo a constituição da República de Weimar (1919–33) e todos os partidos políticos com excepção do seu, passando igualmente a controlar a justiça, a comunicação social, as forças de segurança e a educação. Abandona também a Sociedade das Nações e as conferências de desarmamento, reactivando o serviço militar obrigatório.
Na Alemanha, assassinam-se os opositores, declarados ou suspeitos; “purga-se” mesmo o partido nazi, aprisionando-se em campos de concentração os que não eram liquidados; assiste-se à fuga de muitos alemães. Os corpos militares do partido, Sturmabteilung (SA), e Schutzstaffel (SS) e a Gestapo (Polícia de Estado), impunham torturas e um clima de terror. Com a morte de Hindenburg em 1934, Hitler autodeclara-se “der Führer” (o líder), unindo a presidência e a chancelaria na sua pessoa. A resistência política desaparece; muitos seguem-no, animados pelo seu programa de reconstrução económica do país (estradas, indústria de guerra e afins, auto-suficiência, entre outros).
Os objectivos de Hitler prendiam-se com a imposição da superioridade alemã, afirmada no princípio de que os outros povos eram inferiores, principalmente os Judeus (na realidade, detinham a estrutura económica alemã, cobiçada pelos nazis para garantirem a reconstrução económica), os Eslavos, os Ciganos e outros povos não-Germânicos. Neste quadro de actuação, defendia a criação de um “espaço vital” (Lebensraum) para o povo Alemão, fórmula achada para legitimar o expansionismo do Reich, nomeadamente a Leste.
O anti-semitismo era outra faceta desta política, pela qual a Alemanha pretendia “limpar” o país. Assim, Hitler, em 1933, ordena o afastamento dos Judeus dos cargos governamentais.
A perseguição que lhes move atinge contornos irreais a partir de 1935, com a abolição dos direitos de cidadania e a fuga de perto de 500.000 Judeus do país (onde circulavam devidamente identificados por uma estrela de David de cor amarela).
A 9 de Novembro de 1938, grupos incendiaram as sinagogas e destruíram os negócios dos Judeus, numa noite que terá ficado conhecida como “Kristallnacht” (Noite dos Cristais), ou ‘Noite dos vidros quebrados’.
Ao mesmo tempo, Hitler e a Alemanha Nazi preparavam-se para a guerra. Violando claramente o Tratado de Versalhes de 1919, ocupam a Renânia em 1936, ano em que assinam um pacto com a Itália fascista de Benito Mussolini e um acordo anti-comunista com os japoneses, formando, estas três nações, o Eixo Roma-Berlim-Tóquio.
Em Março de 1938, os Alemães ocupam a Áustria, anexando-a ao Reich (Anschluß). Neste mesmo ano, conseguem ocupar a região Checa dos Sudetas (Sudetenland), de maioria alemã, com a anuência da Inglaterra e da França (Acordos de Munique). O que restava da Checoslováquia fica desmembrado no ano seguinte, com o protectorado Alemão imposto na Boémia-Morávia.
Em Agosto de 1939, através da celebração do Pacto Molotov-Ribbentrop, o Reich consegue mais um dos seus embustes diplomáticos, ao acordar com a URSS a sua neutralidade, em caso de um dos dois países se envolver numa guerra, concordando também, mas secretamente, com a divisão da Polónia e boa parte da Europa de Leste entre ambos.
No primeiro dia do mês seguinte, 1 de Setembro de 1939, os Alemães invadem a fronteira Polaca e marcham sobre Danzig, cujo “corredor” pretendiam conquistar para se unirem à Prússia Oriental, o que desencadeia a Segunda Guerra Mundial (cuja história é inseparável da do regime hitleriano).
O Terceiro Reich sai derrotado e completamente destruído do conflito, apesar de ter dominado, de forma fulminante, até 1941 (Blitzkrieg).
Declarando guerra às várias potências europeias, sucessivamente, e depois aos EUA, sofre desaires tremendos na frente Russa: a Alemanha Nazi vai perdendo força militar (nomeadamente com os bombardeamentos aliados do país a partir de 1943), sendo acossada nas suas fronteiras e acabando por se render incondicionalmente em 1945, vindo depois a perder antigos territórios e a redefinir as suas fronteiras, através dos acordos obtidos durante a Conferência de Ialta e a Conferência de Potsdam.
Nesse período de 1939–1945, o anti-Semitismo é elevado para além do imaginável, perpetrando-se actos de perfeita insanidade contra cerca de seis milhões de judeus, vítimas nos campos de concentração Nazis (Holocausto).
A somar ainda os mais de cinco milhões de Alemães mortos, não contando feridos, desaparecidos e toda a destruição brutal do país e de grande parte da Europa e do Mundo, bem como, as inúmeras mortes em todos os países ocupados e das forças militares oponentes.