Colónias Alemãs

Colónias Alemãs

1870 – 1918

 


 

 

Bandeira Colonial Alemã (1892-1918)

As Colónias Alemãs (em alemão, Deutschen Kolonien) eram territórios dependentes do Império Alemão ou dos seus estados constituintes. Em diferentes períodos históricos, a Alemanha teve colónias em territórios de África, da Ásia, da América do Sul e da Oceânia.

Ao contrário de outros países europeus, que iniciaram as suas colonizações no século XVI, o Império Alemão iniciou o seu domínio no exterior do Continente Europeu apenas nos finais do século XIX. Anteriormente já alguns estados Alemães efectuaram esforços individuais na colonização, mas o empenho colonial da Alemanha Imperial só se efectivou em 1884.

Embora a maioria das colónias Alemãs em África e no Pacífico tivessem sido ocupadas pelos inimigos do Império nas primeiras semanas da Grande Guerra, oficialmente o império colonial alemão só terminou a colonização após o Tratado de Versalhes, a 10 Janeiro de 1920, no seguimento da derrota da Alemanha na guerra.

 
A Unificação Alemã

Mapa da Unificação Alemã (1871)

Até à unificação, os estados Alemães não tinham sido capazes de se concentrar no desenvolvimento da marinha, impedindo a Alemanha de participar mais cedo no imperialismo colonial em territórios mais remotos – o tão desejado “lugar ao sol”.

Por outro lado, os Alemães tinham tradições de comércio marítimo no estrangeiro que remonta à Liga Hanseática; era tradição a emigração Alemã, pelos comerciantes e missionários do Norte da Alemanha, que mostravam interesses em compromissos no exterior.

Estas casas de comércio comportaram-se igualmente como “Privatkolonisatoren” (colonizadores independentes) e celebraram tratados de compra de terras na África e no Pacífico a chefes e outros líderes tribais. Estes acordos iniciais com as entidades locais, posteriormente formaram a base para os tratados de anexação, com a protecção diplomática e militar do Império Alemão.

 
Início da Colonização Alemã

Otto von Bismarck (1815-1898), primeiro Chanceler do Império Alemão, de 1871 a 1890

Muitos Alemães nos finais do século XIX viram as aquisições coloniais como uma verdadeira indicação de expansão da nacionalidade.

Bismarck e muitos deputados do “Reichstag” não tinham interesse em conquistas coloniais apenas pela aquisição de quilómetros quadrados de território.

Inicialmente, o chanceler Otto von Bismarck não era um expansionista colonial. A sua preocupação era a unificação da Alemanha e, consequentemente, conseguir alcançar um papel proeminente na política Europeia.

Após a unificação da Alemanha em 1871, a questão das colónias começou a preocupar a liderança e a sociedade alemã e vários grupos económicos exerceram pressões sobre o governo para ser pró-activo na aquisição de colónias em África, argumentando que a Alemanha necessitava delas para manter uma economia predominante. Dos grupos que pressionavam o poder político para a Colonização após a unificação da Alemanha, destaca-se a Sociedade da Alemanha Ocidental para a Colonização e Exportação (1881) e a Associação Central para o Comércio Geográfico e a Promoção dos Interesses Alemães no Exterior (1878).

Em 1884, Bismarck aceitou iniciar a aquisição de colónias pelo Império Alemão, a fim de proteger o comércio, para salvaguardar as matérias-primas e mercados de exportação e para aproveitar as oportunidades para investimento de capital, entre outros motivos.

Bismarck era um pragmático. No entanto, o seu esforço para adquirir colónias em África foi em grande parte em função de considerações económicas na ordem emergente do mundo imperial, da diplomacia Europeia e da política interna. É neste contexto que a Alemanha sediou a Conferência internacional de Berlim em 1884–1885. A conferência constituiu um separador de águas na história Africana, pois sancionava reivindicações Europeias em África, embora com a ressalva de que os poderes que alegavam possessões em África tivessem que efectuar uma ocupação física das suas áreas para que as suas pretensões fossem legítimas.

Conferência de Berlim, de 15 de Novembro de 1884 a 26 de Fevereiro de 1885

Este facto foi fundamental para a divisão subsequente e para a ocupação física da África. A Alemanha obteve o Sudoeste Africano (hoje Namíbia), a África Oriental Alemã (actual Tanzânia Continental, Ruanda e Burundi), o Togo e os Camarões.

No estabelecimento de instituições formais e estruturas de apoio à governação colonial nestes territórios recém-adquiridos, a política da Alemanha foi caracterizada pela crueldade, por uma política de supremacia racial e pela expropriação económica das populações indígenas. Estas características tornaram-se mais pronunciadas nas colónias que foram povoadas por emigrantes Alemães e que procuravam estabelecer uma pátria.

O Sudoeste Africano é o que melhor exemplifica uma situação colonial em que a raça constituiu uma identidade de grupo que detinha certas vantagens predeterminadas.

 
COLÓNIAS E POSSESSÕES DO IMPÉRIO ALEMÃO
 

Mapa Geral das Colónias e Possessões Alemãs

São estas as colónias estabelecidas e controladas pelo Império Alemão, entre 1884 e 1920:

 
EM ÁFRICA

Protectorados Alemães em África:

  • África Oriental Alemã (Deutsch-Ostafrika):
    • Tanganica – Que, em 1962, se tornou independente e em 1964 se juntou ao ex-protectorado Britânico do sultanato de Zanzibar, formando o que é hoje a Tanzânia;
    • Ruanda-Urundi – (1885–1917) – Agora Ruanda e Burundi;
    • Triângulo de Kionga – Ocupado por Portugal desde 1916. Após 1920, passou a fazer parte do território Português de Moçambique.
  • Sudoeste Africano Alemão (Deutsch-Südwestafrika) – Agora Namíbia (excepto o então britânico Walvis Bay) e parte do Botsuana (Südrand des Caprivi-Zipfels).
  • África Ocidental Alemã (Deutsch-Westafrika) – Permaneceu unificada apenas por dois ou três anos, mas foi dividida em duas colónias por causa da distância que as separava:
  • Camarões – (1884–1914) – Após a Grande Guerra, foi separado numa parte Britânica, os Camarões, e a outra parte nos Camarões Franceses, a que hoje se chama Camarões. A parte Britânica foi posteriormente dividida em duas, com uma parte a juntar-se à Nigéria e outra aos Camarões (Kamerun, Nigeria-Ostteil, Tschad-Südwestteil, Zentralafrikanische Republik-Westteil, Republik Kongo-Nordostteil, Gabun-Nordteil);
  • Togolândia – (1884–1914) – Após a Grande Guerra foi separado em duas partes: a parte britânica (Ghana-Westteil), mais o Gana, e a parte Francesa, hoje o Togo.
 
NO PACÍFICO
  • Nova Guiné Alemã (Deutsch-Neuguinea) – De 1884 a 1914;
  • Terra do Imperador Guilherme (Kaiser-Wilhelmsland);
  • Arquipélago de Bismarck (Bismarck-Archipel);
  • Ilhas Salomão Alemãs ou Ilhas Salomão do Norte (Salomonen or Nördliche Salomon-Inseln) – De 1888 a 1919;
  • Nauru – De 1888 a 1919;
  • Ilhas Marshall (Marschall-Inseln) – De 1885 a 1919;
  • Ilhas Marianas (Marianen) – Actualmente “Ilhas Marianas do Norte” – de 1899 a 1919;
  • Ilhas Carolinas (Karolinen) – Actualmente “Estados Federados da Micronésia e Palau” – de 1899 a 1919;
  • Samoa Alemã (Deutsch-Samoa) – Actualmente “Samoa” – de 1899 a 1914.
 
NA CHINA

Concessões Alemãs na China cedidas à Alemanha pela Dinastia Qing:

  • Concessão da Baía de Kiauchau (Deutsch-Kiautschou) – De 1898 a 1914;
  • Tsingtao – De 1898 a 1914;
  • Chefoo – Actualmente “Yantai” – de 1898(?) a 1918;
  • Tientsin – De Julho de 1900 a 15 de Agosto de 1902.
 
NA AMÉRICA
  • As Caraíbas Alemãs – Temporariamente colonizadas nos finais do século XIX.
 
POSTOS DE CORREIO ALEMÃES NO ESTRANGEIRO
 

Os Postos de Correio criados no estrangeiro existiram para proteger os interesses comerciais dos empresários Alemães em países politicamente autónomos, que não tinham qualquer sistema postal próprio organizado e que não eram filiados à União Postal Universal (UPU).

Postos de Correio Alemães:

  • Turquia – De 1 de Março de 1870 a 30 de Setembro de 1914;
  • China – De 16 de Agosto de 1886 a 16 Março de 1917;
  • Marrocos – De 20 de Dezembro de 1899 a 5 de Agosto de 1914 na área Francesa. De Junho de 1919 na zona Espanhola, em Tânger até 18 de Agosto de 1919.
 

SIMBOLOGIA