1849 – 1866
O império medieval foi criado em 843 com a divisão do Império Carolíngio, fundado por Carlos Magno (r. 768–814) em 25 de Dezembro de 800, e em diferentes formas existiu até 1806, estendendo-se desde o Rio Eider, no Norte do território, até o Mediterrâneo, no litoral Sul.
Muitas vezes referido como o Sacro Império Romano-Germânico (ou o Antigo Império), foi oficialmente chamado de “Sacro Império Romano da Nação Alemã” (Sacro Imperium Nationis Germanicæ em latim) a partir de 1448, para ajustar o nome ao seu território de então.
Sob o reinado dos imperadores otonianos (r. 919–1024), os ducados de Lorena e da Saxónia, a Francónia, a Suábia, a Turíngia e a Baviera foram consolidados, e o rei alemão Otão I ‘o Grande’ (r. 936–973) foi coroado Imperador Romano-Germânico dessas regiões em 962.
Sob o reinado dos imperadores sálios (r. 1024–1125), o Sacro Império Romano absorveu o Norte da Itália e a Borgonha, embora o imperador tenha perdido parte do poder através da Questão das investiduras com a Igreja Católica Romana.
Sob os imperadores Hohenstaufen (r. 1138–1254), os príncipes alemães aumentaram a sua influência para o Sul e para o Leste (Ostsiedlung), territórios habitados por povos eslavos, bálticos e estonianos antes da ocupação alemã na região.
Com o colapso do poder imperial em 1250, devido à constante disputa com a Igreja de Roma, foi necessário a criação de um novo sistema de escolha do imperador.
Criou-se, com a edição da Bula Dourada, o conselho dos sete príncipes-eleitores, que tinham o poder de escolher o comandante do Sacro Império.
Durante esse período conturbado, as cidades comerciais uniram-se para proteger os seus interesses comuns.
A mais conhecida foi a Liga Hanseática, que reunia poderosas cidades do Norte da Alemanha como Hamburgo e Bremen.
A partir do século XV, os imperadores foram eleitos quase exclusivamente a partir da dinastia Habsburgo da Áustria.
O monge Martinho Lutero publicou as suas 95 Teses em 1517, desafiando as práticas da Igreja Católica Romana e dando início à Reforma Protestante.
O Luteranismo tornou-se a religião oficial de muitos estados alemães após 1530, o que levou a conflitos religiosos resultantes da divisão religiosa no império, que, por sua vez, geraram a Guerra dos Trinta Anos (1618–1648), que devastou os territórios alemães. A população dos estados alemães foi reduzida em cerca de 30%.
Os Tratados de Münster e Osnabrück (Paz de Vestfália) (1648) acabaram com a guerra religiosa entre os estados alemães, mas o império estava, de facto, dividido em numerosos principados independentes.
De 1740 em diante, o dualismo entre a Monarquia dos Habsburgo e o Reino da Prússia dominou a história alemã. Em 1806, o Imperium foi dissolvido como resultado das Guerras Napoleónicas.
O fim do império ocorreu em diversas etapas. A Paz de Vestfália em 1648, que acabou com a Guerra dos Trinta Anos, concedeu aos territórios autonomia quase que completa. A Confederação Suíça, que já tinha conseguido uma quase independência em 1499, e a Holanda do Norte, deixaram o império.
Embora os estados constituintes ainda tivessem algumas restrições — em particular, não podiam formar alianças contra o Imperador — o império, a partir desse ponto, foi uma entidade impotente, existindo apenas no nome. Os imperadores Habsburgo focaram-se em consolidar os seus estados no Império Austríaco ou em outros impérios.
Com o avanço de Luís XIV, os Habsburgos ficaram dependentes da ajuda dos arquiduques da Áustria, para conter o avanço do Reino da Prússia que dominava já alguns dos territórios do seu império.
Durante o século XVIII, os Habsburgos estavam envolvidos em vários conflitos pela Europa, tal como a Guerra da Sucessão Espanhola, a Guerra de Sucessão Polaca e a Guerra da Sucessão Austríaca. O Dualismo alemão entre Áustria e Prússia dominava a história do império desde 1740.
A partir de 1792, a França revolucionária estava em Guerra com várias partes do império, ininterruptamente. O império foi formalmente dissolvido em 6 de Agosto de 1806 quando o último imperador romano-germânico Francisco II (a partir de 1804, imperador Francisco I da Áustria) abdicou após sofrer uma derrota militar pelos franceses sob o comando de Napoleão Bonaparte.
Napoleão reorganizou uma grande parte do império numa Confederação, unindo os estados germânicos numa espécie de estado satélite francês, a que se deu o nome de Confederação do Reno.
Francisco, da Dinastia de Habsburgo-Lorena, sobreviveu ao desmembramento do império, continuando a reinar como Imperador da Áustria e Rei da Hungria até a dissolução final do Império Austro-Húngaro em 1918, como consequência da Grande Guerra.
A Confederação Napoleónica do Reno foi finalmente substituída pela Confederação Germânica e depois pela Confederação da Alemanha do Norte, até aos territórios de língua oficial alemã, excepto a Áustria, se terem unido sob a liderança do Reino da Prússia até 1871, formando depois o Império Alemão (1871–1918).
O Império Alemão foi extinto em 1918, como consequência da derrota na Grande Guerra, sendo sucedido pela República de Weimar (1919–1933).
OS ESTADOS ALEMÃES
A Alemanha é, tradicionalmente, um país organizado como um estado federal. Após a dissolução do Sacro Império Romano, em 1806, os territórios de língua alemã do império tornaram-se aliados na Confederação Germânica (ou Alemã) (1815–1866), uma liga de estados com alguns elementos federalistas.
Após a guerra entre a Áustria e a Prússia (Guerra Austro-Prussiana), em 1866, a Prússia conduziu os estados do Norte a um estado federal denominado Confederação da Alemanha do Norte (1867–1870). Os estados do Sul juntaram-se ao estado federal em 1870–1871, que foi consequentemente renomeado para Império Alemão (1871–1918). O estado continuou como República de Weimar (1919–1933).
Com a derrota na Segunda Guerra Mundial, em 1945, a Alemanha foi dividida em quatro zonas de ocupação, ficando sobre supervisão das quatro potências aliadas com maior relevância: Estados Unidos da América, Inglaterra, França e União Soviética.
A 23 de Maio de 1949, a partir dos onze estados existentes nas três zonas aliadas de ocupação, sob domínio dos Estados Unidos, Reino Unido e França, formou-se a República Federal da Alemanha (RFA). A capital (provisória) foi a cidade de Bonn ou Bona.
Em 1952 três estados do Sudoeste da Alemanha Ocidental fundiram-se para formar o estado de Baden-Württemberg e, em 1957, por Plebiscito, o Sarre juntou-se à República Federal da Alemanha. Aos dez estados resultantes juntou-se um décimo-primeiro, Berlim Ocidental. Legalmente, Berlim Ocidental não fazia parte da República Federal da Alemanha, visto que Berlim estava sob o controlo do Conselho de Controle Aliado.
A 7 de Outubro de 1949, a República Democrática Alemã (RDA), um satélite da União Soviética, tornou-se um estado, teoricamente, independente.
Após o colapso do comunismo na Europa Central e Oriental, em 1989, simbolizado pela queda do Muro de Berlim, houve um rápido movimento em direcção à Reunificação Alemã. A Alemanha Oriental votou para se dissolver e aderir à República Federal em 1990. Os seus cinco estados Orientais do pós-guerra foram reconstituídos, tal como Berlim reunificada, que encerrou o seu estatuto especial e formou um estado adicional. Ingressaram formalmente na República Federal em 3 de Outubro de 1990, aumentando o número de estados de dez para dezasseis, terminando, assim, a divisão da Alemanha.
Os Estados Alemães após a Reunificação Alemã (1990):
- Baden-Württemberg (Em termos filatélicos inclui o Grão-Ducado de Baden e o Reino de Württemberg);
- Baixa Saxónia (Em termos filatélicos inclui o Ducado de Braunschweig, o Reino de Hannover e o Grão-Ducado de Oldenburg);
- Baviera (Em termos filatélicos inclui o Reino da Baviera);
- Berlim;
- Brandemburgo;
- Bremen (Em termos filatélicos inclui a Cidade Hanseática Livre de Bremen);
- Hamburgo (Em termos filatélicos inclui a Cidade Hanseática Livre de Hamburgo e Bergedorf);
- Hesse;
- Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental (Em termos filatélicos inclui os Grão-Ducados de Mecklemburgo-Schwerin e Mecklemburgo-Strelitz);
- Renânia do Norte-Vestfália (Em termos filatélicos inclui o Reino da Prússia);
- Renânia-Palatinado;
- Sarre;
- Saxónia (Em termos filatélicos inclui o Reino da Saxónia);
- Saxónia-Anhalt;
- Schleswig-Holstein (Em termos filatélicos inclui os Ducados de Schleswig e de Holstein, e Lübeck);
- Turíngia.
OS ESTADOS FILATÉLICOS
A partir de 1849, alguns dos, então, estados germânicos, começaram a emitir os primeiros selos. Assim, alguns reinos, principados, grão-ducados, ducados, cidades livres, que foram depois desaparecendo ao longo dos tempos, deixaram um legado filatélico importante, que documenta a história germânica.
A partir da adesão, de parte desses estados, à Confederação da Alemanha do Norte (em 1966) e posteriormente ao Império Alemão (em 1871), fez com que a grande maioria deixasse de emitir selos próprios e adoptasse os selos emitidos pelo Império. No entanto, alguns estados continuaram a ter emissões filatélicas até ao final do Império (em 1918).
Existem, ainda, emissões filatélicas próprias nos estados onde decorreram plebiscitos, no decorrer das decisões tomadas no Tratado de Versalhes (1919–1920). No caso especial do Sarre, onde a França, por mandato, se manteve no território até 1957, também existe emissão filatélica própria até à decisão, por plebiscito, de integrar o território alemão.
Na colecção vamos adaptar, sempre que possível, a divisão dos estados actuais, englobando os estados antigos filatélicos que actualmente os compõem. Serão abordados apenas os estados onde, algures na sua história, houve emissão filatélica própria. Excepção à regra é a inclusão de Thurn e Taxis, um principado antigo sem território, que é representado por uma família alemã importante, relacionada com a criação e desenvolvimento dos Serviços Postais na Alemanha.
Nos casos onde tal não é possível serão criadas páginas próprias, fora da divisão actual dos Estados Alemães.