1885 – 1919
A África Oriental Alemã, em alemão “Deutsch-Ostafrika”, foi uma colónia Alemã na África Oriental, que incluía Tanganica (actualmente a parte continental da Tanzânia), o Ruanda-Urundi (actualmente Ruanda e Burundi) e o Triângulo de Quionga.
A ocupação Alemã deu-se a 27 de Fevereiro de 1885 e terminou com a derrota da Alemanha Imperial na Grande Guerra. Posteriormente, o território foi dividido entre a Grã-Bretanha, a Bélgica e Portugal por mandato da Sociedade das Nações (ou Liga das Nações).
Possui uma área de 994,996 km² (384.170 milhas quadradas), quase três vezes o tamanho da actual Alemanha.
História
A colónia principiou com Carl Peters, um aventureiro que fundou a “Sociedade para a Colonização Alemã” e assinou tratados com vários chefes indígenas no continente oposto, Zanzibar.
A 3 de Março de 1885, o governo Alemão anunciou que tinha concedido uma carta imperial para a empresa de Peters, destinada a estabelecer um protectorado na África Oriental. Peters recrutou especialistas que começaram a explorar o Sul do Rio Rufiji e o Norte até Witu (Wituland), perto de Lamu, na costa.
Quando o Sultão de Zanzibar protestou, declarando a sua soberania, Otto von Bismarck enviou cinco navios de guerra, que chegaram a 7 de Agosto de 1885, os quais aproveitaram para treinar as armas no palácio do Sultão. Com o Tratado Heligolândia-Zanzibar, Britânicos e Alemães concordaram na divisão do território entre eles e o sultão não teve outra alternativa senão aceitar.
O domínio Alemão foi rapidamente estabelecido sobre Bagamoyo, Dar es Salaam e Kilwa, com o envio das caravanas Príncipe, Langheld, Emin Pasha e Stokes Charles, para dominar “a Rota das Caravanas”.
A Revolta de Abushiri de 1888 foi eliminada, com a ajuda Britânica, no ano seguinte. Em 1890, Londres e Berlim concluíram o Tratado Heligolândia-Zanzibar, onde a Heligolândia (ocupada durante as guerras Napoleónicas) retorna para a Alemanha e onde ficaram decididas as fronteiras da África Oriental Alemã.
A Rebelião Maji Maji ocorreu em 1905 com a eliminação do governador, o Conde Gustav Adolf von Gotzen. Mais escândalos se sucederiam, com histórias de corrupção e brutalidade, e em 1907 o Chanceler Bülow nomeou Bernhard Dernburg para reformar a administração colonial. Tornou-se num modelo de eficiência colonial e de extraordinária lealdade na administração entre os nativos durante a Grande Guerra. Os Administradores coloniais Alemães dependiam muito dos chefes indígenas para manter a ordem e cobrar impostos.
A história da África Oriental Alemã na Grande Guerra é essencialmente a história do comandante militar da colónia, o General Lettow-Vorbeck, um oficial vibrante, que passou a guerra a despojar as forças do Império Britânico. Lettow-Vorbeck foi aclamado depois da guerra como um dos heróis da Alemanha e a sua Schutztruppe (Força Colonial) foi considerada a única força colonial Alemã na Grande Guerra que não foi derrotada em combate aberto.
As tropas coloniais Askari que tinham lutado na campanha do Leste Africano foram posteriormente recompensadas com o pagamento de pensões pela República de Weimar e pela República Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental).
As tropas defensivas da África Oriental da Alemanha foram capazes de resistir às forças inimigas por um longo período de tempo durante a guerra, mas a África Oriental Alemã, no entanto, foi completamente ocupada pelas tropas aliadas Anglo-Indianas, Belgas e Africanas, em finais de 1917.
O Tratado de Versalhes terminou com a colonização, atribuindo, sob mandato, a área Noroeste à Bélgica, tal como Ruanda-Urundi, o pequeno lado Sul do Rio Rovuma do Triângulo de Quionga a Portugal para se tornar parte de Moçambique e o restante território para a Grã-Bretanha, a que apelidou de Tanganica.
OS TERRITÓRIOS DA ÁFRICA ORIENTAL ALEMÃ APÓS O TRATADO DE VERSALHES
Com a derrota da Alemanha na Grande Guerra e de acordo com o 22º Artigo do Tratado de Versalhes, o território da África Oriental Alemã foi dividido e cedido, sob mandato da Sociedade das Nações (ou Liga das Nações), da seguinte forma:
- O Reino Unido ficou com o controlo do território de Tanganica;
- A Bélgica ficou com o território do Ruanda-Urundi, situado a Noroeste da África Oriental Alemã;
- Portugal recebeu o Triângulo de Quionga.
O TERRITÓRIO DE TANGANICA
O Território de Tanganica foi uma colónia Britânica entre 1919 e 1961. Antes do final da Grande Guerra, fazia parte da África Oriental, uma colónia Alemã.
Quando a guerra eclodiu, os Britânicos invadiram a África Oriental Alemã, mas foram incapazes de derrotar o Exército Alemão. O líder Alemão na África Oriental, Emil von Lettow-Vorbeck, não se rendeu até ao desmoronamento do Império Alemão.
A partir desta altura, a Sociedade das Nações concedeu o controlo do território ao Reino Unido, dando o nome de Tanganica à zona Alemã. O Reino Unido assumiu o território de Tanganica sob mandato da Liga das Nações até ao final da Segunda Guerra Mundial, assumindo-o como Protectorado das Nações Unidas (ONU) após a guerra.
Breve Resumo Histórico
Em 1885 a Alemanha declarou a intenção de estabelecer um protectorado, a África Oriental Alemã, sob a liderança de Carl Peters.
À contestação do Sultão de Zanzibar, os Alemães enviaram navios de guerra e ameaçaram bombardear-lhe o palácio. A Grã-Bretanha e a Alemanha, na altura, concordaram na divisão da região em esferas de influência, obrigando o Sultão a aceitar.
Após acusações de brutalidade na repressão Maji Maji da Rebelião de 1905 e da reforma sob a liderança de Bernhard Dernburg em 1907, a colónia converteu-se num modelo de eficiência no comando colonial, demonstrando a extraordinária lealdade entre os povos indígenas durante a Grande Guerra.
O programa Alemão de educação para os nativos Africanos, incluindo o ensino elementar, secundário e profissional, foi particularmente notável, com padrões inigualáveis noutros lugares da África tropical.
Em 1918 após a derrota da Alemanha na Grande Guerra e sob o Tratado de Versalhes, a África Oriental Alemã é dividida entre as potências vitoriosas, com o maior segmento a ser transferido para o controlo Britânico (excepto o Ruanda-Urundi que foi para a Bélgica e o pequeno Território do Triângulo de Quionga, que regressou a Moçambique, na época uma colónia Portuguesa). Era necessário um novo nome e Tanganica foi o nome adoptado pelos Britânicos à sua parte do território da África Oriental Alemã.
Em 1927, Tanganica entra na União Aduaneira do Quénia e do Uganda, bem como para a União Postal do Oriente Africano, mais tarde Postos de Correio do Oriente Africano e da Administração de Telecomunicações.
A cooperação alargada com estes países nas mais variadas formas levou ao estabelecimento do Alto Comissariado para a África Oriental (1948–1961) e o estabelecimento da Organização dos Serviços Comuns da África Oriental (1961–1967), precursores da Comunidade da África Oriental.
Em 1961, Tanganica deixou de ser colónia Britânica após eleições realizadas, conseguindo a sua independência em Dezembro do mesmo ano. Em 1964, uniu-se à Ilha de Zanzibar, formando a Tanzânia.
O TERRITÓRIO DO RUANDA-URUNDI
Durante a Grande Guerra, o Território do Ruanda-Urundi foi conquistado pelas forças do Congo Belga em 1916.
A ex-colónia Alemã esteve sobre soberania Belga desde 1916 até 1924. De 1924 a 1945, manteve-se sob Mandato Classe B da Liga das Nações e depois como Protectorado das Nações Unidas desde 1946 até 1962, quando os Estados do Ruanda e do Burundi se tornaram independentes.
Breve Resumo Histórico
Os Reinos independentes do Ruanda e Burundi foram anexados pela Alemanha, juntamente com os demais estados da região dos Grandes Lagos no final do século XIX e início do XX. Ligado a África Oriental Alemã, a região possuía uma quantidade reduzida de Alemães.
Na Grande Guerra, a área foi conquistada por forças belgas estacionadas no Congo Belga em 1916. O tratado de Versalhes dividiu a África Oriental Alemã e Tanganica, a maior porção de território, foi entregue à Grã-Bretanha. A porção mais ocidental, formalmente referida como Territórios da África Oriental sob Ocupação Belga, foram entregues à Bélgica. Em 1924, a Liga das Nações emitiu um mandato formal garantindo o controlo total da área. O território ficou oficialmente conhecido como Ruanda-Urundi.
Para implementar a sua visão, os Belgas utilizaram a estrutura de poder indígena. Esta era composta principalmente pela classe dirigente Tutsi que controlava a maioria da população Hutu. Os administradores Belgas acreditavam nas teorias raciais da época e estavam convencidos de que os Tutsis eram racialmente superiores.
Pouco antes da colonização, a etnia Hutu teve um importante papel na governação. Os Belgas simplificaram assuntos com estratificação da sociedade nas linhas raciais. A raiva contra a opressão e desgoverno entre a população foi amplamente focada na elite Tutsi, em alternativa ao distante poder colonial. Estas divisões iriam desempenhar um importante papel nas décadas após a independência.
Após a dissolução da Liga das Nações, o território passou a ser um Protectorado das Nações Unidas em 1946. Este acontecimento contemplava a promessa de que os Belgas iriam preparar as áreas para a independência, mas os Belgas tinham o pressentimento que a área levaria muitas décadas até se encontrar em condições de se auto-governar.
A independência resultou, em grande parte, como resultado das acções de outros lugares. Na década de 1950 surgiu um movimento de independência no Congo Belga e os Belgas convenceram-se que já não podiam controlar o território. Em 1960, o território vizinho do Ruanda-Urundi ganha a sua independência.
Depois de mais de dois anos de apressados preparativos, a ex-colónia tornou-se independente a 1 de Julho de 1962, dividida por linhas tradicionais como nações independentes do Ruanda e do Burundi. Levou ainda mais dois anos até que a governação de ambos os países se tornasse totalmente independente.
O TERRITÓRIO DO TRIÂNGULO DE QUIONGA
O Triângulo de Quionga, em Alemão “Kionga”, foi um pequeno território na fronteira entre a África Oriental Alemã (integrada na actual Tanzânia) e a então colónia Portuguesa de Moçambique, hoje República de Moçambique.
O ressurgimento de Moçambique, estagnado durante séculos, foi marcado em 1891, pela fixação das fronteiras da Colónia. Defrontado a Norte com a nascente e ambiciosa colónia Alemã, a Alemanha assinava, com poucos dias de intervalo, dois tratados, onde reconhecia fronteiras diferentes na foz do Rio Rovuma.
Arrastaram-se demoradas negociações diplomáticas até que em 1894, o Governador da África Oriental Alemã alvorou a bandeira do seu país na baía de Quionga, única povoação de importância, no chamado triângulo de Quionga, que tinha uma área aproximada de 450 km² de terrenos valiosos para culturas de palmares e arrozais, valorizada por abranger a margem Sul da foz do Rovuma, ficando a entrada do grande rio fronteiriço na mão dos Alemães.
Os Alemães estabeleceram este posto avançado a Sul do Rio Rovuma, com cerca de 4.000 habitantes (1910), dando à Alemanha o controlo efectivo da sua foz até ao Oceano Índico.
A declaração de guerra da Alemanha a Portugal foi conhecida em Moçambique a 9 de Março de 1916. Após a declaração de guerra, as forças Portuguesas, comandadas pelo Tenente-Coronel José Moura Mendes voltam a reocupar o Triângulo de Quionga. Na véspera da chegada das forças Portuguesas os Alemães tinham abandonado Quionga e passado para a margem Norte do Rovuma.
Após várias ofensivas falhadas perpetradas pelas forças Portuguesas contra as forças invasoras Alemãs, apenas o Armistício de Compiègne, assinado a 11 de Novembro de 1918 entre os Aliados e a Alemanha, veio encerrar as hostilidades Alemãs e dar por terminada a Grande Guerra.
A campanha Portuguesa em Moçambique foi uma parcela considerável no esforço dos Aliados para a conquista da África Oriental Alemã, embora circunstâncias desfavoráveis tivessem diminuído o brilho das primeiras operações levada a efeito em território alemão por tropas improvisadas, e tivessem prejudicado a eficiência das tropas indígenas, precipitadamente recrutadas e instruídas, com graduados, em grande número, sem experiência colonial.
Após a Grande Guerra, o Tratado de Versalhes definiu novamente a fronteira ao longo do Rio Rovuma. Os Aliados reconheceram Portugal como legítimo proprietário do território do Triângulo de Quionga, vindo a ser reintegrado oficialmente em Moçambique, a 25 de Setembro de 1919.
Com a independência de Moçambique, a 25 de Junho de 1975, o Triângulo de Quionga permaneceu sob o seu domínio, como parte integrante da província do Cabo Delgado.
HISTÓRIA POSTAL DA ÁFRICA ORIENTAL ALEMÃ
Os serviços postais alemães na África Oriental Alemã iniciaram-se a 4 de Outubro de 1890. No entanto, antes do Tratado de Helgoland-Zanzibar, os serviços postais Alemães operaram por um curto período de tempo em Lamu, de 22 de Novembro de 1888 a 31 de Março de 1891, e em Zanzibar, de 27 de Agosto de 1890 a 31 de Julho de 1891.
Estes postos utilizaram apenas selos do Império Alemão.
Ambas as agências postais fecharam com o tratado Anglo-Alemão de Heligoland-Zanzibar.
Gradualmente, durante a Grande Guerra, cada vez mais partes da colónia eram ocupadas pelas forças Britânicas, Belgas e Portuguesas, que emitiram os seus próprios selos.