Colónias Alemãs – Camarões (Kamerun)

Colónias Alemãs – Camarões (Kamerun)

1884 – 1914

 

Camarões Alemães (Kamerun)

 

Brasão dos Camarões Alemães (Kamerun)

Os Camarões, oficialmente a “República dos Camarões”, é um país da África Central. Alonga-se para o interior, toca no Lago Chade a Nordeste e, em conformidade com o acordo Franco-Alemão, até ao Congo a Sudoeste. A montanha dos Camarões, uma das maiores elevações na África Ocidental, situa-se no seu território.

O país é chamado de “África em miniatura” pela sua diversidade cultural e geológica. Nos seus recursos naturais incluem-se praias, desertos, montanhas, florestas tropicais e savanas. Os Camarões são lar de mais de 200 diferentes grupos linguísticos. O país é conhecido para seus estilos nativos de música, particularmente makossa e bikutsi e pela sua bem sucedida selecção nacional de futebol. O Inglês e o francês são as línguas oficiais.

Os Camarões foram uma colónia da Alemanha a partir de Julho de 1884.

 
História

Gustav Nachtigal (1834-1885), Explorador

Os exploradores portugueses chegaram à costa Camaronesa no século XV e chamaram-lhe “Rio dos Camarões”, o nome a partir do qual deriva Camarões. Guerreiros Fula fundaram o Emirado Adamawa no Norte, no século XIX, e vários grupos étnicos, a Subdivisão dos Bafut (Reino dos Bafut), estabeleceram o poder a Oeste e a Noroeste.

A presença precoce dos Europeus nos Camarões foi dedicada ao comércio costeiro e à aquisição de escravos. O comércio de escravos foi largamente suprimido em meados do século XIX. A presença das missões cristãs iniciou-se no final do século XIX, continuando ainda a desempenhar um papel importante na vida dos Camaroneses.

A 12 de Julho de 1884 Gustav Nachtigal assina um tratado com os Chefes de Doula em nome do Imperador Alemão Wilhelm I. Em troca de vantagens comerciais, os chefes aceitam o protectorado Alemão.

Ponte ferroviária sobre o Rio Sanaga (1911)

A 5 de Julho de 1884, o território actual dos Camarões e parte de vários territórios vizinhos tornaram-se colónias Alemãs, Kamerun, com a capital a ser inicialmente implantada em Buea e posteriormente em Yaoundé.

O governo Imperial Alemão fez investimentos substanciais nos Camarões em infra-estruturas, incluindo extensos troços de Caminho-de-Ferro, incluindo a ponte ferroviária sobre o Rio Sanaga com cerca de 160 metros de comprimento.

Jesko von Puttkamer (1855-1917), Governador

Foram abertos hospitais em toda a colónia, incluindo dois grandes hospitais em Douala, sendo um deles especializado em doenças tropicais. No entanto, os povos indígenas mostraram-se relutantes para trabalhar nesses projectos, obrigando à imposição de um sistema duro e impopular de trabalhos forçados.

Jesko von Puttkamer, um chefe militar colonial Alemão e nove vezes governador dos Camarões, foi afastado de exercer funções como governador da colónia devido às suas indesejáveis acções perpetradas aos nativos Camaroneses.

Em 1911 no Tratado de Fez, após a Crise de Agadir, a França cedeu cerca de 300,000 km² do território da África Equatorial Francesa para os Camarões, formando o Neukamerun (Novos Camarões), enquanto a Alemanha cedia uma parcela menor de território no Norte, hoje Chade, à França.

Na Grande Guerra os Britânicos invadiram os Camarões a partir da Nigéria em 1914, na campanha da África Ocidental, com a rendição do último forte Alemão no país em Fevereiro de 1916.

 
OS CAMARÕES APÓS O TRATADO DE VERSALHES

Tropas Alemãs nos Camarões

Durante a Grande Guerra, esta colónia foi ocupada pelas tropas Britânicas, Francesas e Belgas. Com o fim da guerra, a Grã-Bretanha e a França foram mandatados pela Sociedade das Nações (ou Liga das Nações), em 1922, ao abrigo do Tratado de Versalhes, Artigo 22, com o propósito de jamais esta colónia voltar para a Alemanha, uma garantia assegurada pelo Artigo 119 do mesmo tratado, até 27 de Agosto de 1940.

Para todos os ex-territórios Alemães na África Ocidental e Central, a Liga das Nações estabeleceu uma segunda classe de Mandatos, ou Mandatos Classe B, elaborados para exigir um maior nível de controlo do poder mandatário. À potência mandatária foi proibida a construção de bases militares ou navais durante os mandatos.

Tropas Britânicas em Forte Dachang, Camarões (1915)

O mandato Francês ficou conhecido como “Cameroun” (Camarões) e os Camarões do território Britânico foi administrado em duas zonas, “Northern Cameroons” (Camarões do Norte) e “Southern Cameroons” (Camarões do Sul). Os Camarões do Norte, por sua vez, tinham 2 secções não contíguas, divididas pela fronteira onde a Nigéria e os Camarões se tocavam.

Os Camarões foram divididos em duas partes. Uma parte Britânica e uma parte Francesa, que se converteu no que hoje conhecemos como Camarões. A parte britânica foi posteriormente dividida ao meio, com uma parte a juntar-se à Nigéria e outra aos Camarões. (Kamerun, Nigéria-Ostteil, Tschad-Südwestteil, Zentralafrikanische Republik-Westteil, Republik Kongo-Nordostteil, Gabun-Nordteil).

Divisão do território após o Tratado de Versalhes (a azul território francês e a vermelho território inglês)

A França ganhou a maior parcela geográfica, transferindo o Neukamerun (Novos Camarões) para as vizinhas colónias Francesas, governando a partir de Yaoundé, nos Camarões Franceses.

O território da Grã-Bretanha, uma faixa que faz fronteira com a Nigéria a partir do mar até ao Lago Chade, foi governado a partir de Lagos como Camarões Britânicos.

A 13 de Dezembro de 1946 foi transformado num Protectorado das Nações Unidas (ONU), novamente sob tutela Britânica e Francesa.

O partido político da “União das Populações dos Camarões” defendeu a sua independência, mas foi proibido pela França na década de 1950.

Em 1960, a parte administrativa Francesa dos Camarões tornou-se independente como República dos Camarões. A parte Sul dos Camarões Britânicos fundiu-se com a República dos Camarões em 1961 para formar a República Federal dos Camarões.

O país foi renomeado em 1972 como República Unida dos Camarões e em 1984 como República dos Camarões.

 
HISTÓRIA POSTAL NOS CAMARÕES

Selo dos Camarões Alemães (Kamerum)

Os Serviços Postais Alemães nos Camarões iniciaram-se a 1 de Fevereiro de 1887.

O serviço postal era muito limitado após a ocupação de Duala nos finais de Setembro de 1914. A correspondência foi censurada; são conhecidas várias censuras a partir da guerra.

Os cancelamentos dos serviços postais durante a guerra, especialmente pela censura, eram normalmente em demanda e raros.

Em 1916, a guarnição alemã evacuou a fortaleza de Yaoundé, refugiando-se na colónia vizinha espanhola de Rio Muni.