Estados Antigos – Estado Livre da Saxónia (Reino da Saxónia)

Estados Antigos – Estado Livre da Saxónia (Reino da Saxónia)

1806 – 1871

 

Estado Livre da Saxónia

 

Brasão-de-Armas do Estado Livre da Saxónia

O Estado Livre da Saxónia é um dos 16 estados federados da Alemanha, no Leste do país. A sua capital é Dresden, Leipzig é a mais populosa e a terceira grande cidade é Chemnitz.

Os limites são: a Norte Brandenburg; a Leste a Polónia; a Sul a República Checa; a Sudoeste a Baviera; a Oeste a Turíngia e a Noroeste a Saxónia-Anhalt.

O Estado Livre da Saxónia foi estabelecido em 1918 como o sucessor do Reino da Saxónia e foi restabelecido em 1990.

Desde 1 de Agosto de 2008, após a reforma distrital ocorrida no estado, a Saxónia está dividida em três regiões: Chemnitz, Dresden e Leipzig, que estão subdivididas em 10 distritos e três cidades independentes que possuem estatuto de distrito.

 
História

Localização do Estado Livre da Saxónia (Sachsen) no mapa actual da Alemanha

Actualmente, a Saxónia é uma área no Alto Elba Médio, no Sul de Lausitz e nas Montanhas Ore. O nome dessas paisagens, em grande parte germanizadas no final da Idade Média, foi sendo alterada devido às várias mudanças dinásticas. Nunca fez parte do ducado tribal da Saxónia, a área de assentamento do povo saxão histórico no Norte da Alemanha. Os habitantes do Estado Livre não são, portanto, descendentes dos saxões que eram referidos na antiguidade e na antiguidade tardia com a expressão latina saxões. De 1247 a 1485, a história da Saxónia também coincidiu amplamente com a história da Turíngia. Para delimitação histórica, a Saxónia de hoje também é chamada de Alta Saxónia, em contraste com a Baixa Saxónia ou Velha Saxónia.

Mesmo na pré-história, a Saxónia de hoje era uma área importante para aqueles que queriam viajar pela cordilheira baixa. Vestígios arqueológicos mostram que a área foi colonizada por culturas de cerâmica por volta de 5500 a.C. As amplas planícies aluviais do Elba, Mulde e Spree, no sopé das montanhas, foram as áreas de assentamento preferidas.

Até ao século VI, partes do posterior Estado Livre estavam sob a influência dos turíngios, que perderam o seu reino para os francos em 531. Do século VII ao X, os povos eslavos (sorábios) colonizaram o território posterior da Saxónia, vindos do Leste.

Castelo de Albrechtsburg em Mísnia (Meissen)

A Margraviada de Meissen, fundada em 929 com a construção do Palácio de Meissen, pode ser considerada a precursora da actual Saxónia. A história posterior do território foi moldada pelo assentamento e conquista de terras por imigrantes, principalmente da Francónia (assentamento oriental dos alemães), que ocuparam castelos eslavos, aldeias e estruturas semelhantes a cidades e os desenvolveram ainda mais e fundaram novos lugares. Em 1089, o margraviato e a sua população passaram a ser propriedade dos Wettins, que já governavam as possessões na Turíngia.

A partir de 1423, os Wettins aumentaram o seu domínio. A conquista mais importante que fizeram foi o ex-ducado ascaniano da Saxónia-Wittenberg. Como resultado da mudança histórica de nome, a designação “Saxónia” tornou-se comum para todo o domínio dos Wettins. Com a divisão de Leipzig em 1485, a Saxónia separou-se da Turíngia para poder ter um maior desenvolvimento. Como resultado, Dresden foi expandida para se tornar a residência real do duque saxão.

Com a Reforma iniciada por Martinho Lutero em 1517, a Saxónia Eleitoral Ernestina católico-imperial (os ducados Ernestinos, também chamados ducados saxónicos, foram um número mutável de pequenos estados localizados maioritariamente no actual estado alemão da Turíngia e governados pelos duques da linha Ernestina da Casa de Wettin) caiu cada vez mais em desgraça. O eleitor Ernestino converteu-se ao luteranismo em 1525.

Após a Guerra de Esmalcalda, (um período de violência que aconteceu de 1546 a 1547 entre as forças do imperador Carlos V, comandadas por Fernando Álvarez, o Duque de Alba, e a Liga de Esmalcalda, formada por estados alemães do Sacro Império Romano-Germânico), que a Saxónia Eleitoral Ernestina perdeu, a dignidade eleitoral passou da linha Ernestina para a linha Albertina dos Wettins com o domínio sobre partes da Saxónia Eleitoral em 1547.

Durante a Guerra dos Trinta Anos, a Saxónia aliou-se aos Habsburgos católicos contra a Boémia. Na Batalha de Breitenfeld (1631), a Saxónia e a Suécia conseguiram pela primeira vez derrotar as tropas imperiais.

Johann Georg I (1585-1656), Eleitor da Saxónia de 1611 a 1656

O testamento de Johann Georg I, aberto em 8 de Outubro de 1656, previa que partes da Saxónia Eleitoral fossem legadas aos seus três filhos, August, Christian e Moritz, e os estabelecesse como ducados. Surgiram os ducados da Saxónia-Weißenfels, Saxónia-Merseburg e Saxónia-Zeitz. Nas décadas seguintes, a Saxónia emergiu com relativa força da guerra e foi um dos principados que conseguiu recuperar mais rapidamente. Sob Friedrich August I, a Saxónia Eleitoral tentou expandir o seu governo e posição no Sacro Império Romano. Os eleitores de Wettin, Friedrich August I e o seu filho Friedrich August II, governaram a Polónia como reis e a Saxónia como eleitores, na união pessoal da Saxónia-Polónia. Na Grande Guerra do Norte, a união pessoal da Saxónia-Polónia foi devastada. Ganhos territoriais foram negados ao eleitorado, enquanto a sua vizinha do Norte e concorrente Prússia foi fortalecida.

As relações prussiano-saxónicas deterioraram-se desde a década de 1740 e na Guerra dos Sete Anos a Saxónia foi ocupada pela Prússia. Posteriormente, lutou numa aliança da Áustria, Rússia e França contra a Prússia e a Grã-Bretanha. Deu por terminada essa aliança em 1759. Em 1760, a Prússia sitiou Dresden sem sucesso, mas pela primeira vez causou grandes danos na capital. Como resultado, a Silésia, que poderia tornar-se um elo territorial entre a Saxónia e a Polónia, passou a território da Prússia. O eleitorado foi sendo gradualmente alterado.

De acordo com a Declaração de Pillnitz, a Saxónia foi um dos territórios que lutou ao lado da Prússia contra a Revolução Francesa. Depois que Napoleão Bonaparte penetrou profundamente na Alemanha em 1806, as tropas saxãs e prussianas opuseram-se, mas foram esmagadas na batalha de Jena e Auerstedt. Os franceses ocuparam a Saxónia, bem como a Prússia.

A Confederação do Reno (Mapa)

Depois de se juntar à Confederação do Reno, o eleitorado foi elevado à categoria de Reino da Saxónia em 1806. Nas guerras de libertação em 1813, que foram particularmente instigadas pela Prússia, a Saxónia foi o principal teatro de guerra e continuou a lutar ao lado da França até ser ocupada por prussianos e russos, após a Batalha de Leipzig, em Outubro desse mesmo ano. A Prússia queria agregar o território da Saxónia no Congresso de Viena, 1814–1915, o que só foi impedido pela protecção da Áustria e também da posição francesa. A Saxónia permaneceu um reino depois disso, mas teve que ceder cerca de metade do seu território, a Norte, à Prússia.

A revolução de 1848–1849 foi sufocada na Saxónia quando as tropas prussianas, em nome da unidade do Reich, possibilitaram que o rei, que fugiu durante a Revolta de Maio de Dresden, regressasse à cidade.

Na Guerra Austro-Prussiana de 1866, a Saxónia e a Áustria estavam do lado perdedor. Como já em 1815 a Prússia pretendia a anexação completa da Saxónia, o que só foi evitado pela intervenção expressa do Imperador Franz Joseph da Aústria, com a derrota na guerra o território da Saxónia acabou por ser anexado pela Prússia.

Posteriormente, a Saxónia tornou-se membro da Confederação da Alemanha do Norte e participou da Guerra Franco-Alemã ou Guerra Franco-Prussiana em 1870–1871. O Reino da Saxónia foi um estado federal do Império Alemão desde 1871, mas apenas como um pequeno estado-nação.

Durante a Grande Guerra (1914–1918), um exército saxão independente participou como parte do exército alemão.

No pós Revolução de Novembro em 1918, e após a constituição de 1919, a Saxónia converteu-se num estado livre da chamada República de Weimar (1919–1933).

Quando os estados foram restruturados em 1934, o Estado Livre da Saxónia perdeu a maior parte das suas competências políticas em favor da estrutura NSDAP (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei), que era influente na Saxónia. Após a Segunda Guerra Mundial, o país foi reconstituído pelo poder de ocupação soviético e as partes da província prussiana da Silésia, que permaneceram alemãs, foram agregadas ao estado. Em 1952, os estados foram dissolvidos como parte da reforma administrativa da República Democrática Alemã (RDA).

Em 3 de Outubro de 1990, no decorrer da Reunificação Alemã, foi também criado o estado federal da Saxónia. Compreende os distritos de Dresden, Karl-Marx-Stadt / Chemnitz e Leipzig (sem os distritos de Altenburg e Schmölln, mas mais os distritos de Hoyerswerda e Weißwasser) da antiga RDA.

 
REINO DA SAXÓNIA

Brasão-de-Armas do Reino da Saxónia

O Reino da Saxónia, (em alemão: “Königreich Sachsen”), que existiu entre 1806 e 1918, foi um membro independente das confederações pós-Guerras Napoleónicas. A partir de 1871 fez parte do Império Alemão. Foi um estado livre na época da República de Weimar em 1918, após o fim da Grande Guerra e a abdicação do rei Frederico Augusto III. A capital era a cidade de Dresden, e o estado sucessor foi o Estado Livre da Saxónia.

Antes de 1806, a Saxónia fazia parte do Sacro Império Romano-Germânico, um império de mais de mil anos que acabou por ser desmembrado por Napoleão Bonaparte. Os governantes do então Eleitorado da Saxónia detinham o título de eleitores há séculos. Quando o Sacro Império Romano-Germânico foi dissolvido, após a queda do imperador Francisco II, o eleitorado obteve o estatuto de reino independente com o apoio da França, o poder dominante da Europa naquela época. O último eleitor da Saxónia foi o rei Frederico Augusto I da Saxónia.

Caindo o aliado da Saxónia, o Reino da Prússia, na Batalha de Jena em 1806, contra as forças napoleónicas, a Saxónia foi integrada na Confederação do Reno (integrada por dezasseis estados alemães, reunidos por Napoleão após este haver derrotado o Sacro Imperador Francisco II e Alexandre I da Rússia na Batalha de Austerlitz), que duraria até 1813, quando foi dissolvida por Napoleão Bonaparte após a Batalha de Leipzig.

Joseph Maria Xaver (Friedrich August I ‘der Gerechte’) (Frederico Augusto ‘o Justo’) (1750-1827), Primeiro Rei da Saxónia de 1806 a 1827

Após a batalha, o rei Frederico Augusto I desertou perante as suas tropas, ficando prisioneiro dos prussianos. Frederico foi obrigado a abdicar do trono, deixando à Prússia a sua ocupação e administração. Isto foi provavelmente um dos motivos pelo qual a Prússia não anexou a Saxónia.

No final, 40% do reino, incluindo a historicamente significante Wittenberg, foi anexada pela Prússia, mas Frederico Augusto conseguiu restaurar o trono.

O reino aderiu depois à Confederação Germânica, a nova organização dos estados alemães.

Durante a Guerra Austro-Prussiana de 1866, a Saxónia apoiou a Áustria, e o exército saxão foi o único aliado da causa austríaca, tendo, inclusive, abandonado a defesa da própria Saxónia para se juntar ao exército austríaco na Boémia. Saiu perdedor da contenda perdendo território para a Prússia.

Com a vitória sobre a França, na Guerra Franco-Prussiana de 1871, na qual a Saxónia foi aliada da Prússia, os membros da confederação organizaram-se sob a coordenação do chanceler prussiano Otto von Bismarck, para formar o Império Alemão, sendo Guilherme I (Wilhelm I), Rei da Prússia, proclamado Imperador (Kaiser). O Rei João I da Saxónia, ficou assim subordinado ao novo imperador alemão, porém manteve vários privilégios e certa autonomia sob Guilherme I, como, por exemplo, manter relações diplomáticas com outros estados.

O Imperador alemão Guilherme II (Wilhelm II) abdicou em 1918, devido à derrota alemã na Grande Guerra. O rei Frederico Augusto III da Saxónia perdeu o trono, e o Reino da Saxónia tornou-se o Estado Livre da Saxónia na recém-formada República de Weimar.

 
Filatelicamente

Com a adesão à Confederação da Alemanha do Norte em 1868, a Saxónia deixou de emitir filatelia própria. Adoptou a filatelia emitida pela Confederação e depois a emitida pelo Império Alemão.