Estados Antigos – Hamburgo (Cidade Livre de Hamburgo e Bergedorf)

Estados Antigos – Hamburgo (Cidade Livre de Hamburgo e Bergedorf)

1189 – 1918

 

Cidade Livre de Hamburgo

 

Brasão-de-Armas da Cidade Livre de Hamburgo

Hamburgo, em alemão “Hamburg”, oficialmente a Cidade Livre e Hanseática de Hamburgo, é a segunda maior cidade da Alemanha depois de Berlim e a sétima maior cidade na União Europeia (UE) com uma população de mais de 1,84 milhões. A área urbana de Hamburgo tem uma população de cerca de 2,5 milhões e a sua área metropolitana alberga mais de cinco milhões de pessoas. A cidade encontra-se junto às margens do Rio Elba e de dois dos seus afluentes: o Rio Alster a Sul e o Rio Bille. Sendo um dos dezasseis estados federados da Alemanha, Hamburgo é cercado pelos estados de Schleswig-Holstein e da Baixa Saxónia.

O nome oficial reflecte a história de Hamburgo como membro da Liga Hanseática medieval e como uma cidade imperial livre englobada no Sacro Império Romano. Antes da Unificação da Alemanha em 1871, era uma cidade-estado totalmente soberana e, antes de 1919, formou uma república cívica liderada constitucionalmente por uma classe da alta burguesia, hereditária da Liga Hanseática.

Localização de Hamburgo (a vermelho) no mapa actual da Alemanha

Assolada por desastres como o Grande Incêndio de Hamburgo, a enchente do Mar do Norte em 1962, a cidade conseguiu recuperar e emergir mais rica após cada catástrofe e dos conflitos militares, incluindo os bombardeamentos da Segunda Guerra Mundial.

Hamburgo é o terceiro maior porto da Europa. É a sede da bolsa de valores mais antiga da Alemanha e o banco comercial mais antigo do mundo, o Banco Berenberg.

Empresas de comunicação social, comerciais, logísticas e industriais com localizações significativas na cidade incluem as multinacionais Airbus, Blohm + Voss, Aurubis, Beiersdorf e Unilever.

Hamburgo é, também, um importante centro europeu da ciência, pesquisa e educação, com várias universidades e instituições. A cidade desfruta de uma qualidade de vida muito elevada, sendo classificada em 19º lugar na ‘Pesquisa de Qualidade de Vida da Mercer 2019’.

 
História

Karl ‘der Große’ (Carlos Magno) (742-814), Imperador

O nome Hamburgo remonta à primeira construção permanente no local, um castelo que o imperador Carlos Magno ordenou que fosse construído em 808 d.C. Erguido sobre um terreno rochoso num pântano entre o Rio Alster e o Rio Elba, como uma defesa contra a incursão eslava, adquiriu o nome Hammaburg, em que “burg” significa castelo ou forte. A origem do termo Hamma permanece incerta, mas estima-se que a sua localização seja o local da Domplatz (Catedral de Santa Maria de Hamburgo) de hoje.

Hamburgo foi destruída e ocupada várias vezes. Em 845, 600 navios Viking subiram o Rio Elba e destruíram Hamburgo, na época uma cidade com cerca de 500 habitantes. Em 1030, o rei Mieszko II Lambert da Polónia incendiou a cidade. Valdemar II da Dinamarca invadiu e ocupou Hamburgo em 1201 e em 1214. A Peste Negra matou pelo menos 60% da população em 1350. Hamburgo foi alvo de vários e enormes incêndios no período medieval.

Em 1189, por carta imperial, Friedrich I “Barbarossa” concedeu a Hamburgo o estatuto de Cidade Imperial Livre e acesso livre de impostos (ou zona de livre comércio) desde o Baixo Elba até ao Mar do Norte. Em 1265, uma carta supostamente falsificada foi apresentada pelo Rath de Hamburgo. Esta carta, juntamente com a proximidade de Hamburgo das principais rotas comerciais do Mar do Norte e do Mar Báltico, rapidamente tornou a cidade num importante porto no Norte da Europa.

Friedrich I ‘Barbarossa’ (Frederico I ‘Barba Ruiva’) (1122-1190)

A sua aliança comercial com Lübeck, em 1241, marca a origem e o núcleo da poderosa Liga Hanseática de cidades comerciais. Em 8 de Novembro de 1266, um contrato entre Henrique III e os comerciantes de Hamburgo permitiram-lhes estabelecer uma “hanse” (hansa) em Londres. Esta foi a primeira vez na história que a palavra “hanse” foi usada para designar a guilda comercial da Liga Hanseática.

Em 1529, a cidade abraçou o luteranismo e recebeu refugiados reformados da Holanda e da França. Quando Jan van Valckenborgh introduziu uma segunda linha de protecção nas fortificações para a proteger durante a Guerra dos Trinta Anos, no século XVII, ampliou Hamburgo e criou uma “Cidade Nova” (Neustadt).

Após a dissolução do Sacro Império Romano em 1806, a Cidade Livre Imperial de Hamburgo não foi incorporada numa área administrativa maior, mas conservou privilégios especiais (mediatizada), convertendo-se num estado soberano com o título oficial de Cidade Livre e Hanseática de Hamburgo. Hamburgo foi brevemente anexada por Napoleão Bonaparte ao Primeiro Império Francês (1804–1814/15). As forças russas comandadas pelo General Bennigsen finalmente libertaram a cidade em 1814 e Hamburgo reassumiu o seu estatuto de cidade-estado.

O Congresso de Viena, 1814–1815, confirmou a independência de Hamburgo, passando a ser um dos 39 estados soberanos da Confederação Alemã (1815–1866).

Gustav Heinrich Kirchenpauer (1808-1887), Presidente da Câmara de Hamburgo (de 1871-1872)

Após um período de agitação política, especialmente em 1848, Hamburgo adoptou, em 1860, uma constituição semidemocrática que previa a eleição do Senado, o órgão governante da cidade-estado, por homens adultos que contribuíam com impostos. Outras inovações incluíram a separação de poderes, a separação entre Igreja e Estado, liberdade de imprensa, de reunião e associação. Hamburgo tornou-se membro da Confederação da Alemanha do Norte (1866–1871) e do Império Alemão (1871–1918) e manteve o seu estatuto de auto-governação durante a República de Weimar (1919–1933).

Aderiu à União Aduaneira Alemã (ou Zollverein), em 1888, o último, tal como o Estado de Bremen, dos estados alemães a aderir. A cidade experimentou um crescimento mais rápido durante a segunda metade do século XIX, quando a sua população mais que quadruplicou para os 800.000, acompanhando o crescimento do comércio atlântico da cidade e passando a ser o segundo maior porto da Europa. A Linha Hamburgo-América foi a maior empresa de navegação transatlântica do mundo por volta do início do século XX.

Hamburgo destruída após os ataques aéreos aliados durante a Segunda Guerra Mundial (1943)

Na Alemanha nazi (1933–1945), Hamburgo foi uma divisão administrativa (“Gau”), de 1934 a 1945. Durante a Segunda Guerra Mundial, Hamburgo sofreu uma série de ataques aéreos aliados que devastaram grande parte da cidade e do porto. Em 23 de Julho de 1943, o bombardeamento da Força Aérea Real (RAF) e da Força Aérea dos Estados Unidos (USAAF) criou uma tempestade de fogo que se espalhou desde a “Hauptbahnhof” (estação ferroviária principal) e se moveu rapidamente para Sudeste, destruindo completamente bairros inteiros como Hammerbrook, Billbrook e Hamm South. Milhares de pessoas morreram nesses bairros densamente povoados onde habitava maioritariamente a classe trabalhadora. Os ataques, baptizados de “Operação Gomorra” pela RAF, mataram pelo menos 42.600 civis; o número exacto não é conhecido. Cerca de um milhão de civis foram evacuados após os ataques. Enquanto alguns dos bairros destruídos foram reconstruídos como distritos residenciais após a guerra, outros, como Hammerbrook, foram inteiramente desenvolvidos para escritórios, varejo e distritos residenciais ou industriais limitados.

Acredita-se que pelo menos 42.900 pessoas morreram no campo de concentração de Neuengamme (situado a cerca de 25 km da cidade), principalmente de epidemias e em bombardeamentos.

Ocupação de Hamburgo pelos aliados, na Segunda Guerra Mundial (1945)

As deportações sistemáticas de alemães judeus e alemães gentios de ascendência judaica começaram em 18 de Outubro de 1941. Foram todas direccionadas para guetos na Europa ocupada pelos nazis ou para campos de concentração. A maioria das pessoas deportadas morreu durante o Holocausto.

Hamburgo rendeu-se às Forças Britânicas a 3 de Maio de 1945, três dias após a morte de Adolf Hitler. Após a Segunda Guerra Mundial, Hamburgo passou a fazer parte da Zona de Ocupação Britânica. Em 1949 passou a ser um estado da, então, República Federal da Alemanha (RFA).

A fronteira interna da Alemanha, apenas a 50 quilómetros a Leste de Hamburgo, separou a cidade de grande parte do antigo território alemão reduzindo o comércio global de Hamburgo. Desde a Reunificação Alemã, em 1990, e a adesão de vários países da Europa Central e Báltico à União Europeia em 2004, o Porto de Hamburgo reiniciou as ambições de recuperar a sua posição como o maior porto de alto mar da região para o transporte de contentores e como a detentora de um grande centro comercial.

 
Filatelicamente

Com a adesão à Confederação da Alemanha do Norte em 1868, Hamburgo deixou de emitir filatelia própria. Adoptou a filatelia emitida pela Confederação e depois a emitida pelo Império Alemão.

 
BERGEDORF

Brasão-de-Armas de Bergedorf, onde é possível ver a combinação das armas de Lübeck e Hamburgo

Bergedorf recebeu privilégios de cidade em 1275, fazendo, à época, parte do jovem Ducado da Saxónia, 1180–1296, que foi dividido pelos seus quatro duques co-governantes em 1296.

Eric I, em 1321, concedeu Bergedorf ao seu irmão, John II, cuja parte se tornou conhecida posteriormente como Saxe-Bergedorf-Mölln. A parte pertencente a Eric era conhecida como Saxe-Ratzeburg-Lauenburg.

Em 1370, o quarto sucessor de John II, Eric III, penhorou Bergedorf, bem como outras cidades e lugares ao estado de Lübeck (Cidade Livre), em troca de um crédito de 16.262,50 marcos. Essa aquisição territorial incluiu grande parte da rota comercial entre Hamburgo e Lübeck, proporcionando, assim, uma passagem segura para tráfego de mercadorias entre as duas cidades. Eric III assinou um contrato vitalício de cedência.

A cidade de Lübeck e Eric III estipularam, ainda, que após a morte de Eric III, Lübeck teria o direito de tomar posse das áreas penhoradas, até que os seus sucessores reembolsassem o crédito concedido.

Em 1401, Eric III morreu e foi sucedido pelo seu primo, de segundo grau, Eric IV de Saxe-Ratzeburg-Lauenburg. No mesmo ano, Eric IV, apoiado pelos seus filhos Eric, posteriormente Eric V, e John, ocupou à força as áreas penhoradas, sem fazer qualquer tipo de reembolso. Lübeck não reagiu de imediato.

Mapa do Estado de Hamburgo com Bergedorf a Sudeste

Quando, em 1420, Eric V atacou o Príncipe Eleitor Frederico I de Brandemburgo, Lübeck aliou-se a Hamburgo em apoio a Brandemburgo. Os exércitos de ambas as cidades abriram uma segunda frente de combate e conquistaram, em poucas semanas, Bergedorf, o castelo Riepenburg e a estação de pedágio (portagem paga) do Rio Esslingen (hoje Zollenspieker Ferry). Isso forçou Eric V a assinar, com o burgomestre de Hamburgo, Hein Hoyer, e o burgomestre de Lübeck, Jordan Pleskow, a Paz de Perleberg, em 23 de Agosto de 1420. Ficou estipulado que todas as áreas penhoradas que Eric IV, Eric V e João IV tinham ocupado, violentamente, em 1401 seriam irrevogavelmente cedidas às cidades de Hamburgo e Lübeck.

As duas cidades transformaram as áreas readquiridas no “Beiderstädtischer Besitz” (condomínio governado cooperativamente por Hamburgo e Lübeck).

Entre 1811 e 1813 Bergedorf e a restante área foi formalmente anexada ao Primeiro Império Francês como parte do departamento de Bouches de l’Elbe. Posteriormente regressou ao domínio de Hamburgo e Lübeck.

A primeira ferrovia no Norte da Alemanha foi aberta entre Hamburgo e Bergedorf, pela “Hamburgo-Bergedorf Railway Company”, em 1842.

Na década de 1860 Bergedorf emitiu selos postais próprios.

A partir de 10 de Janeiro de 1868, Lübeck vendeu a sua participação no condomínio bi-urbano à Cidade Livre e Hanseática de Hamburgo. Hamburgo integrou Bergedorf e restante área no seu território estadual, formando lá a “Landherrenschaft Bergedorf“ (zona rural de Bergedorf), que compreendia as cidades de Bergedorf e de Geesthacht, e vários outros municípios rurais.

Em 1937 o enclave de Geesthacht foi cedido ao Estado de Schleswig-Holstein.

A 1 de Abril de 1938 a cidade de Bergedorf e os outros municípios tornaram-se parte integrante da cidade de Hamburgo. Bergedorf também é conhecida pelo apelido de “Jardim de Hamburgo”.

 
Filatelicamente

Após a integração na Cidade Livre de Hamburgo em 1868, Bergedorf deixou de emitir filatelia própria.