Grande Guerra – Polónia

Grande Guerra – Polónia

1914 – 1918

 

Grande Guerra – Ocupação Alemã da Polónia

 

Brasão da Polónia

Com a Terceira Divisão da Polónia, em 1795, a Prússia obteve a parte Norte, a Nova Prússia Oriental (Neuostpreußen), incluindo Varsóvia. A Áustria tomou o Oeste da Galicia, com Cracóvia e Lublin, e a Rússia anexou uma enorme área do Báltico (Curlândia e Lituânia) em direcção ao Sul para Volhynia, adquirindo as cidades de Kovno, Wilna, Grodno e Brest.

As Guerras Napoleónicas testemunharam a Ressurreição da Polónia realizada por Napoleão Bonaparte e pelo Grão-Ducado de Varsóvia, mas após 1815 voltou a ser novamente dividida.

A Prússia, no entanto, perdeu todas as suas obtenções da Terceira Divisão e parte da Segunda, ficando a Rússia em vantagem. A Áustria também perdeu para a Rússia a maior parte do espólio que tinha adquirido na Terceira Divisão. Cracóvia passou a ser uma república livre, em 1815, mas a Áustria voltou a apossar-se dela em 1846.

Terceira Divisão da Polónia

Durante a Grande Guerra a Polónia não era um Estado independente mas o facto da sua posição geográfica ficar situada entre as forças combatentes, significou que grande parte das batalhas, as terríficas perdas humanas e materiais, ocorreram em território Polaco entre 1914 e 1918.

Com três potências ocupantes na Polónia e em guerra umas contra as outras, a Polónia tornou-se no principal campo de batalha. Não tendo Chefe de Estado nem Exército, os Polacos foram forçados a integrar-se nos exércitos Russo, Alemão e Austríaco e forçados a lutar uns contra os outros.

Em 1914, as forças Russas avançavam e encontravam-se muito perto de Cracóvia, antes de serem repelidas. Na Primavera seguinte, ocorreram pesados combates perto de Gorlice e Przemyśl, a Leste de Cracóvia, na Galicia.

Tropas Polacas na Frente Leste

Em 1915, os territórios polacos foram saqueados e abandonados pela retirada do Exército Imperial Russo, tentando imitar a política de terra queimada de 1812.

Os Russos expulsaram e deportaram centenas de milhares de habitantes acusados de terem colaborado com as forças inimigas. Até finais de 1915, os Alemães ocuparam todo o ex-território Russo, incluindo Varsóvia.

Em 1916, outra ofensiva Russa na Galicia agravou a situação já desesperada de civis na zona de guerra: cerca de 1 milhão de refugiados fugiram para o Leste da Polónia, colocando-se na rectaguarda das linhas Russas durante a guerra. Embora a ofensiva Russa de 1916 tenha surpreendido os Alemães e os Austríacos, as pobres comunicações e a fraca logística das forças Russas impediram-nos de tirar um maior benefício da situação.

Exército Polaco em França (Cartaz de aliciamento ao Recrutamento)

Um total de 2 milhões de soldados Polacos lutaram contra os exércitos das três potências de ocupantes e 450 mil morreram. Centenas de milhares de civis Polacos foram transferidos para campos de trabalho na Alemanha.

Os territórios arrasados pelas estratégias de guerra de ambos os lados deixaram grande parte da zona de combate inabitável.

O total de mortes entre 1914 e 1918, entre militares e civis, incluindo as zonas de fronteira existentes entre 1919 e 1939, foram estimados em 1.128 milhões.

Os Polacos oriundos da América juntaram-se ao Exército de Haller (nome do Exército Polaco existente na França, comandado pelo General Józef Haller, ou “Exército Azul”, devido à cor dos seus uniformes). Estimativas indicam que cerca de 20.000 pessoas responderam à chamada para lutar pela liberdade e para a oportunidade de poder recuperar a independência da Polónia durante a Grande Guerra no Exército Polaco da França (em Polaco, Armia Polska we Francyi). Foram recrutados entre os imigrantes vindos da América para lutar com a França.

Depois de assegurada a paz no Oriente pelo Tratado de Brest-Litovski, a Alemanha e a Áustria-Hungria iniciaram conversações para a criação da “Mitteleuropa” (“Europa Central”) e a 5 de Novembro de 1917, proclamaram o constituinte Reino da Polónia.

Após a Grande Guerra e o colapso dos Impérios Russo, Alemão e Austro-Húngaros, a Polónia tornou-se uma república independente.

 
Recuperação da Posição de Estado

Tropas Alemãs na Polónia

Em 1917, dois eventos mudaram decisivamente o carácter da guerra e contribuíram para o renascimento da Polónia. Os Estados Unidos da América entraram no conflito ao lado dos Aliados, enquanto ocorria na Rússia enfraquecida, um processo de convulsão revolucionária, a Revolução Socialista.

Após o fracasso da última progressão Russa na Galicia em meados de 1917, os Alemães partiram novamente para a ofensiva. O exército da Rússia revolucionária deixou de ser uma preocupação e a Rússia foi forçada a assinar o Tratado de Brest-Litovski, no qual cedeu todas as terras anteriormente Polacas para as Potências Centrais.

Topas Alemãs desarmam prisioneiros russos, na Polónia

A deserção da Rússia da coligação das forças Aliadas deu carta-branca para o apelo de Woodrow Wilson, o Presidente Americano, para transformar a guerra numa cruzada, para difundir a democracia e libertar os Polacos e outros povos da soberania dos Poderes Centrais. De Catorze Pontos essenciais para o fim da Grande Guerra, o Décimo Terceiro Ponto era, precisamente, a Ressurreição da Polónia. A opinião do povo Polaco consolidou o apoio à causa dos Aliados.

Os Aliados quebraram a resistência das Potências Centrais no Outono de 1918, a monarquia dos Habsburg desintegrou-se e o governo Imperial Alemão entrou em colapso. Em Outubro de 1918, as autoridades Polacas assumiram a Galicia e a Cieszyn Silésia.

Józef Klemens Piłsudski (1867-1935), Estadista Polaco

Em Novembro de 1918, Józef Piłsudski foi libertado do cativeiro Alemão pelos revolucionários e regressou a Varsóvia. À sua chegada, em 11 de Novembro de 1918, o Conselho de Regência do Reino da Polónia cedeu-lhe todas as responsabilidades e Piłsudski assumiu o controlo sobre o Estado recém-criado como Chefe de Estado provisório.

Em pouco tempo, todos os governos locais que tinham sido criados nos últimos meses da guerra prometeram fidelidade ao governo central, em Varsóvia. A Polónia independente, ausente do mapa Europeu durante 123 anos, renasceu e recuperou a sua independência como Segunda República da Polónia, em 1918.

Inicialmente faziam parte do Estado recém-criado Privislinsky Krai, a Galicia Ocidental (com Lwów ladeada pelos Ucranianos) e parte da Silésia Cieszyn. Em 1919, o Tratado de Versalhes concede à Polónia a Prússia Ocidental, passando a Polónia a ter acesso ao Mar Báltico.

O país foi devastado pela guerra. Todas as instituições Polacas tiveram que ser reconstruídas tal como o país. As fronteiras definitivas da Segunda República da Polónia não foram reconhecidas até 1922. As fronteiras oficiais não foram definidas até 1923.