Hitlerputsch ou Hitler-Ludendorff-Putsch, (em português: o Golpe da Cervejaria, também conhecido como o Golpe de Munique), foi uma tentativa fracassada de revolução que ocorreu em Munique, entre a noite de 8 de Novembro e o início da tarde de 9 de Novembro de 1923, quando o líder do Partido Nazi, Adolf Hitler, o “Generalquartiermeister” (o director geral) Erich Ludendorff, e outros chefes da ‘Kampfbund’ (Liga das Sociedades da luta patriótica e do Partido Nacional-Socialista Alemão (NSDAP)) tentaram, sem sucesso, tomar o poder na Alemanha.
O objectivo de Hitler consistia na tomada do poder do governo Bávaro para, seguidamente, tentar tomar o poder em todo o país. Mas a acção foi rapidamente controlada pela polícia Bávara, sendo que Hitler e vários correlegionários, entre os quais Rudolf Hess, foram presos.
A expressão “Putsch” (golpe) é originada pela exortação que Hitler efectuou junto dos seus partidários para, a partir da cervejaria “Burgebräukeller”, uma das mais famosas de Munique, executarem diversas acções subversivas. Tendo reunido um grupo de seguidores, Hitler deu início à tentativa da “revolução” efectuando um tiro para o tecto da cervejaria.
O golpe
Hitler decidiu aproveitar a influência que o General Erich Ludendorff possuía, ao utilizá-lo como testa de ferro, durante a tentativa de tomada do poder. A escolha de Munique, capital da Baviera, prendia-se com o facto da autonomia política que esta à época gozava. O seu objectivo era imitar a famosa Marcha sobre Roma de Benito Mussolini, com uma “Marcha sobre Berlim”, mas o golpe, falhado, tornar-se-ia conhecido pelo nome de “Hitlerputsch” (Golpe da Cervejaria).
Adolf Hitler e Ludendorff conseguiram o apoio clandestino de Gustav von Kahr, o Governador da Baviera, de várias personalidades de destaque do exército Alemão (Reichswehr) e da própria autoridade policial. Diversos cartazes políticos da época mostram que Luddendorff, Hitler, vários militares e dirigentes da polícia Bávara tinham como objectivo a formação de um novo governo.
Contudo, a 8 de Novembro de 1923, Kahr e alguns oficiais recuaram na sua posição e negaram-lhe o apoio prometido, já na cervejaria “Burgebräukeller”. Hitler, surpreendido, mandou detê-los, ao mesmo tempo que decidiu prosseguir com o golpe de estado. Sem o conhecimento de Hitler, Kahr e os outros ex-apoiantes foram libertados por ordem de Ludendorff, sob o compromisso de não interferirem. Contudo, procederam aos esforços necessários para frustrar o golpe.
De manhã, enquanto os Nazis marchavam da cervejaria até à sede do Ministério de Guerra Bávaro para derrubar o que consideravam ser o governo traidor da Baviera, de modo a iniciar a Marcha sobre Berlim, o exército procedeu rapidamente à sua dispersão. Na luta com as forças da ordem, Ludendorff ficou ferido e foram mortos 16 Nazis. Posteriormente, a propaganda Nazi transformou esses mortos em heróis da causa Nacional-Socialista.
Hitler fugiu para a casa de Ernst Hanfstaengl e pensou seriamente em suicidar-se. Foi, entretanto, preso por alta traição e, temendo que alguns membros “esquerdistas” do partido pudessem tentar apoderar-se da liderança do mesmo durante a sua prisão, Hitler rapidamente nomeou Alfred Rosenberg e posteriormente Gregor Strasser, como líderes temporários do partido.
Ao contrário do que podia prever, encontrou-se, durante a sua prisão, num ambiente receptivo às suas ideias. Durante o julgamento, em Abril de 1924, os magistrados responsáveis pelo caso conseguiram que Hitler transformasse esta derrota provisória numa proeza de propaganda. Foi-lhe concedida a possibilidade de se defender, quase sem qualquer restrição de tempo, perante o tribunal e um vasto público que rapidamente se exaltou perante o seu discurso, baseado num forte sentimento nacionalista.
Foi condenado a cinco anos de prisão na cadeia de Landsberg, pelo crime de conspiração com intuito de traição. Na prisão, além de tratamento preferencial, teve a oportunidade de verificar a sua popularidade pelas cartas que recebia de diversos apoiantes.
O futuro ditador da Alemanha Nazi permaneceu apenas nove meses na prisão, escrevendo nesse período o seu manifesto político, “Mein Kampf” (A Minha Luta). Ao deixar o cárcere, Hitler tinha tomado a decisão que nortearia o seu futuro na política: não desafiaria mais a autoridade directamente, mas marcharia em direcção ao poder pela legalidade. Tendo proferido a famosa frase “A democracia deve ser destruída por suas próprias forças”, Hitler alcançaria o seu objectivo em pouco menos de 10 anos, com a complacência de militares e políticos mais conservadores, os quais desejavam pôr um fim à desordem provocada pela luta de poder entre Nazis e Comunistas.