O Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, (em português: Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães), abreviado NSDAP e conhecido como Partido Nazi, foi um partido político na Alemanha entre 1918 e 1945. Era conhecido como o Partido dos Trabalhadores Alemães “DAP” antes de uma mudança de nome em 1920.
As Origens: 1918-1923
O partido surgiu de pequenos grupos políticos com orientação nacionalista que se formaram nos últimos anos da Grande Guerra. Nos primeiros meses de 1918, um grupo chamado Comissão Livre de Trabalhadores Alemães para a Paz “Freier Ausschuss für einen deutschen Arbeiterfrieden” foi criado em Bremen, Alemanha.
Anton Drexler, um ávido nacionalista Alemão formou um núcleo deste partido em 7 de Março de 1918, em Munique. Drexler era serralheiro e tinha sido membro do Partido Militarista “Pátria Mãe”, durante a Grande Guerra, batendo-se duramente contra o Armistício de Compiègne, em Novembro de 1918, e contra os movimentos revolucionários que se lhe seguiram. Drexler tinha a convicção típica dos militantes nacionalistas da altura, entre as quais a oposição ao Tratado de Versalhes, o anti-semitismo, contra a monarquia, o anti-marxismo e a crença de que os alemães eram uma “raça superior”. Também acusava o capitalismo internacional de ser um movimento dominado pelos judeus responsabilizando-os pelo facto de terem obtido imensos lucros com a guerra mundial.
A 5 de Janeiro de 1919, Drexler, juntamente com Gottfried Feder, Dietrich Eckart e Karl Harrer, e 20 trabalhadores dos Caminhos-de-Ferro de Munique, reuniram-se para discutir a criação de um novo partido político baseado nos princípios que Drexler defendia. Drexler propôs que o partido se chamasse Partido Socialista dos Trabalhadores Alemães, mas Harrer e outros opuseram-se ao uso do termo “socialista” no nome. O problema foi resolvido acordando então que o partido se chamaria Partido dos Trabalhadores Alemães “Deutsche Arbeiterpartei, DAP”.
Tal como outros grupos étnicos “völkisch”, a DAP defendia a crença de que a Alemanha se deveria tornar uma “comunidade nacional unificada” em vez de uma sociedade dividida por classes ou em partidos políticos. Esta ideologia era também explicitamente anti-semita declarando que a “comunidade nacional” deveria ser livre de judeus “judenfrei”.
Durante a participação numa reunião uma personagem até então desconhecida, de nome Adolf Hitler, viu-se envolvida numa acalorada discussão. Graças aos seus argumentos e à forma como os expunha, causou logo uma boa impressão nos restantes membros presentes tendo sido imediatamente convidado a pertencer ao partido o que, após alguma deliberação, decidiu aceitar.
A 24 de Fevereiro de 1920, o grupo acrescentou: “Nacional Socialista” ao seu nome oficial, tornando-se Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP).
As capacidades de Hitler como orador, o poder da sua argumentação juntamente com o seu ar rústico mas austero, tinham o dom de cativar novos apoiantes e membros para o partido, facto esse que, num curto espaço de tempo o levaram a ser a figura dominante do partido. Drexler reconheceu este facto e em 28 de Julho de 1921 e Hitler passou a ser o líder do NSDAP.
Em Janeiro de 1923 a França ocupou a região industrial do Ruhr, como resultado do não cumprimento, por parte da Alemanha, dos pagamentos de reparações e indemnizações resultantes da guerra. Isto conduziu ao caos económico, à demissão do Governo Alemão e a uma tentativa de revolução por parte do Partido Comunista (KPD). A reacção a esses acontecimentos foi um aumento do sentimento nacionalista. O número de membros do Partido Nazi cresceu acentuadamente, para cerca de 20.000.
Em Novembro, já com Hitler como líder, foi decidido que era o momento certo para uma tentativa de tomada do poder em Munique, na esperança de que o exército Alemão do pós-guerra “Reichswehr” se juntasse à sua revolta. Nesta decisão de Hitler é notória a influência do ex-general Erich Ludendorff, que se tinha tornado um adepto embora não um membro do partido nazi.
Na noite de 8 de Novembro, os nazis aproveitaram uma manifestação patriótica que decorria numa cervejaria de Munique para lançar a tentativa de golpe.
O chamado “Hitlerputsch” não passou de uma tentativa de motim falhada, a partir do momento em que os comandantes locais da “Reichswehr” se recusaram a apoiá-la. Na manhã seguinte os nazis organizaram uma marcha com cerca de 2.000 membros em Munique, na tentativa de conseguir apoio. As tropas abriram fogo e 16 elementos foram mortos.
Hitler, Ludendorff e vários outros implicados foram presos e julgados por traição em Março de 1924. O partido nazi foi proibido, mas continuou a operar sob o nome de “Partido Alemão” (Deutsche Partei ou DP) entre 1924 e 1925.
Ascensão ao poder: 1925-1933
Adolf Hitler voltou à vida política em Dezembro de 1924. No ano seguinte, refundou e reorganizou o Partido Nazi, sendo ele próprio o seu líder incontestado.
O novo partido já não era uma organização paramilitar e negava qualquer intenção de tomar o poder pela força. Em qualquer caso, a situação económica e política tinha estabilizado e o recrudescimento extremista de 1923 tinha-se desvanecido, reduzindo a perspectiva de novas aventuras revolucionárias.
O partido Nazi de 1925 foi dividido em Corpo de Liderança, nomeado por Hitler, e os membros em geral.
O partido e a Sturmabteilung (SA), forças paramilitares, foram mantidas separadas e os aspectos legais do partido foram salvaguardados.
Em reforço desta nova postura o partido começou a admitir mulheres. A Sturmabteilung (SA) e a Schutzstaffel (SS), fundada em Abril de 1925 como corpo de guarda-costas de Hitler, comandada por Himmler, foram descritos como “grupos de apoio” e todos os membros desses grupos pela primeira vez tornaram-se membros regulares do partido.
Por esta altura já Rudolf Hess começava a ascensão no partido, embora ainda sem poderes reais no mesmo. Até ao início dos anos 30 os principais líderes do partido depois de Hitler foram Himmler, Goebbels e Göring.
Os nazis contestaram os resultados das eleições para o parlamento nacional, o “Reichstag”, e para as assembleias estaduais, a “Landtags”, em 1924, embora sem grande sucesso. Em 1929 o partido contava já nas suas fileiras com cerca de 130.000 membros.
As eleições de 1930 mudaram a paisagem política Alemã, enfraquecendo os partidos nacionalistas tradicionais, o DNVP e o DVP, deixando os nazis como a principal alternativa contra o SPD desacreditado e para o Partido Central, cujo líder, Heinrich Brüning, liderava um governo minoritário e fraco. A incapacidade dos partidos democráticos em formar uma frente unida e forte, o isolamento auto-imposto do KPD e o declínio contínuo da economia colocaram a oportunidade de liderança nas mãos de Hitler.
Durante 1931 e em 1932, a crise política da Alemanha aprofundou-se. Em Março de 1932 Hitler concorre às eleições presidenciais, contra o então presidente Paul von Hindenburg, obtendo a votação de 30,1% na primeiro mão e 36,8% na segunda contra 49 e 53% de Hindenburg. Os Alemães votaram em Hitler principalmente por causa das suas promessas de reactivar a economia, por meio não especificado, para restaurar a grandeza Alemã anulando o Tratado de Versalhes, e para salvar a Alemanha do comunismo. Os militantes nazis não paravam de aumentar, contando as Sturmabteilung (SA) com 400.000 membros, e as batalhas de rua contra o SPD e o KPD paramilitares (que também lutavam entre si) reduziu algumas cidades Alemãs a zonas de combate.
Em Julho de 1932 nas eleições parlamentares Alemãs, o partido nazi obteve 37,4% de votos tornando-se assim o maior partido no Parlamento, com uma larga margem. Além disso, os nazis e o partido KPD, seu aliado, detinham entre si 52% dos votos e uma maioria de assentos parlamentares. Uma vez que ambos os partidos se opunham ao sistema político estabelecido e não queriam participar nem apoiar a formação de qualquer governo onde coubesse elementos de outros partidos, tornaram a possibilidade da existência de um governo de maioria praticamente impossível. O resultado foi a formação de um governo de minoria sem grande poder.
O chanceler Franz von Papen convocou nova eleição para o Parlamento, em Novembro, na esperança de encontrar uma saída para este impasse. O resultado foi o mesmo, com os nazis e o KPD a ganhar 50% dos votos, entre eles, e mais de metade dos assentos, tornando o parlamento não mais viável do que o seu antecessor.
No entanto, a percentagem de votos obtidos pelo partido nazi tinha caído para 33,1%, sugerindo que o entusiasmo nacionalista tinha arrefecido, provavelmente por a depressão ter passado, ou porque alguns eleitores de classe média tivessem apoiado Hitler, em Julho, apenas como forma de protesto.
Dissipavam-se agora as perspectivas de realmente chegar ao poder. Os nazis interpretaram o resultado como um aviso de que ou tomavam o poder ou o seu momento passava.
No poder: 1933-1945
Em 27 de Fevereiro de 1933, o Parlamento “Reichstag” foi incendiado. Este incêndio foi atribuído a uma conspiração comunista e os escritórios do KPD foram encerrados, a sua imprensa proibida e os líderes presos.
Hitler convenceu o Presidente Hindenburg a assinar um “decreto de emergência”, que suspendeu a maior parte dos direitos cívicos previstos pela Constituição da República de Weimar de 1919.
Um outro decreto permitiu a detenção preventiva de todos os líderes comunistas e muitos milhares de outros.
Dado que o novo Governo não tinha maioria no Parlamento, Hitler organizou uma nova eleição em Março de 1933.
Com os comunistas eliminados, os nazis dominaram a eleição com 43,9%, e em conjunto com os seus aliados nacionalistas (DNVP), conseguiu uma maioria parlamentar de 51,8%.
Um passo decisivo para a tomada do poder pelos nazis foi o “Ermächtigungsgesetz” (Lei de Concessão de Plenos Poderes ), que concedeu a Hitler poderes legislativos.
A Lei efectivamente aboliu a separação de poderes. Sendo uma lei com duração de quatro anos deu ao governo o tempo necessário e o poder de decretar leis sem a aprovação parlamentar, de aprovar tratados internacionais e até mesmo fazer alterações à Constituição.
Os nazis acabaram por não cumprir as promessas feitas aos seus aliados políticos e chegaram mesmo a proibir a existência de outras forças políticas da mesma forma que tinham feito com os comunistas e socialistas.
Após isso, o governo nazi proibiu a formação de novos partidos, a 14 de Julho de 1933, transformando a Alemanha num estado de partido único.
A 30 de Junho de 1934, Adolfo Hitler manda assassinar os membros da facção strasserista do partido, incluindo o seu líder Gregor Strasser, outros inimigos políticos e as chefias das Sturmabteilung (SA), entre os quais o seu líder Ernst Röhm.
O acto ficou conhecido como a “Noite das Facas Longas” (Nacht der langen Messer).
Guerra e eclipse
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial em 1939, o partido, em certa medida, voltou-se para si próprio, particularmente após 1941, com o prolongar da guerra e com a situação militar a virar-se contra a Alemanha. Como Hitler se retirou das questões nacionais para se concentrar em assuntos militares, a administração civil ficou num impasse e o Estado Alemão tornou-se mais desorganizado e ineficaz.
Os nazis tomaram o controlo do racionamento, a direcção do trabalho, a atribuição de habitação, protecção antiaérea e pela emissão de uma multiplicidade de autorizações necessárias para exercer as suas vidas e negócios.
O exército foi a última área do Estado Alemão a sucumbir ao partido nazi, o que nunca aconteceu totalmente. Hitler fez de si mesmo o Ministro da Defesa e os líderes do novo exército ficaram sob o domínio deste. Em 1945 o partido nazi e o estado nazi eram inseparáveis.
O partido nazi acabou por ser proibido pelas autoridades aliadas de ocupação e um extenso processo de “desnazificação” foi realizado para remover antigos militantes da administração, do poder judiciário, universidades, escolas e imprensa da Alemanha ocupada.