Trier, (em português: Tréveris), é uma cidade histórica da Alemanha e também a mais antiga, do estado da Renânia-Palatinado.
Tréveris é uma cidade independente (kreisfreie Stadt) ou distrito urbano (Stadtkreis), ou seja, possui estatuto de distrito (Kreis). É também a sede do Verbandsgemeinde de Trier-Land, apesar de não ser membro. Está localizada na região do rio Mosela, fazendo fronteira com o Luxemburgo e o Norte de França.
Os primeiros vestígios de ocupação humana na área da cidade evidenciam assentamentos cerâmicos lineares datados do início do período neolítico. Desde os últimos séculos pré-cristãos, membros da tribo celta dos Treveri se estabeleceram na área da actual Tréveris. A cidade foi fundada no século I a.C. como Augusta dos Tréveros (Augusta Treverorum), supostamente pelo próprio imperador Augusto. Nos séculos III e IV, sediou o governo do Império Romano e foi capital da província de Bélgica Prima. No século V, então com 70.000 habitantes, a cidade foi destruída por tribos germânicas.
A Universidade de Tréveris foi fundada na cidade em 1473. Nos anos de 1581 a 1593, foram realizados os julgamentos das bruxas de Trier. Foi um dos quatro maiores julgamentos de bruxas na Alemanha, juntamente com os julgamentos das bruxas de Fulda, o julgamento das bruxas de Würzburg e o julgamento das bruxas de Bamberg, talvez até o maior da história europeia.
Nos séculos XVII e XVIII, a rivalidade franco-Habsburgo trouxe a guerra a Tréveris. Espanha e França lutaram pela cidade durante a Guerra dos Trinta Anos.
O bispo foi preso pelo Sacro Império Romano e pela Espanha devido ao seu apoio à França entre 1635 e 1645. Nas guerras posteriores entre o Império e a França, as tropas francesas ocuparam a cidade durante a Guerra dos Nove Anos, a Guerra da Sucessão Espanhola e a Guerra da Sucessão Polaca. Depois de conquistar Tréveris novamente em 1794, durante as Guerras Revolucionárias Francesas, a França anexou a cidade e o arcebispado eleitoral foi dissolvido. Depois das Guerras Napoleónicas terminarem em 1815, Tréveris passou para o Reino da Prússia.
A cidade revoltou-se durante as revoluções de 1848 nos estados alemães, embora os rebeldes tenham sido forçados a ceder. Tornou-se parte do Império Alemão em 1871. A sinagoga na Zuckerbergstrasse foi saqueada durante a “Noite dos Cristais” (Kristallnacht) de Novembro de 1938 e mais tarde completamente destruída num ataque à bomba em 1944.
Em Junho de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, mais de 60.000 prisioneiros de guerra britânicos, capturados em Dunquerque e no Norte da França, foram trazidos para Tréveris e, em 1944, foi fortemente bombardeada.
Cidade natal de Karl Marx, cuja residência familiar é hoje um museu, Tréveris também é a cidade natal de Santo Ambrósio, e orgulha-se da sua rica herança arquitectónica.
PORTÃO NEGRO EM TRÉVERIS
Porta Nigra, (em português: Portão Negro), é o portal Romano da cidade de Tréveris (Trier), na Alemanha. É o maior portal citadino Romano existente a Norte dos Alpes e foi designado como Património Mundial.
O nome Porta Nigra teve origem na Idade Média devido à cor escura das suas pedras; o nome original Romano não foi preservado. Os residentes referem-se à Porta Nigra simplesmente como Porta.
A Porta foi construída em arenito cinza entre 186 e 200 d.C. O portão original contava com duas torres de quatro andares, com semicírculos do lado exterior. Um pátio estreito separava as duas aberturas da porta de cada lado. Por razões desconhecidas, no entanto, a construção do portão permaneceu inacabada.
Na época Romana, a Porta Nigra fazia parte de um sistema de quatro portas da cidade, ficando uma em cada lado da cidade romana, num formato rectangular. A Porta Nigra guardava a entrada Norte da cidade romana, enquanto a Porta Alba (Porta Branca) era construída a Leste, a Porta Media (Porta Central), a Sul, e a Porta Inclyta (Porta dos Famosos) a Oeste, próxima da ponte romana sobre o Rio Mosela. As portas estavam posicionadas nas extremidades das duas principais ruas da Trier Romana, em que uma ligava o Norte ao Sul e a outra o Leste a Oeste. Dessas portas, apenas a Porta Nigra ainda existe actualmente.
A partir de 1028, o monge Grego Simeão viveu como eremita nas ruínas da Porta Nigra. Após a sua morte, em 1035, e posterior santificação, foi erigido um mosteiro ao lado da Porta Nigra em sua homenagem.
Em 1802, Napoleão Bonaparte dissolveu a igreja e o mosteiro da Porta Nigra, e numerosas igrejas e mosteiros de Tréveris. Na sua visita a Tréveris, em 1804, Napoleão ordenou que a Porta Nigra voltasse ao seu original formato Romano.
Em 1986, a Porta Nigra foi designada como Património Mundial pela UNESCO, em conjunto com outros monumentos romanos em Tréveris nos arredores.
Actualmente o portão está encerrado ao tráfego de automóveis, embora fique bem próxima uma das principais estradas de Tréveris.
A Porta Nigra e os seus andares superiores estão abertos aos visitantes. No Verão são oferecidas visitas guiadas por um actor que retrata um centurião (um oficial do exército Romano) com armadura completa.