Rio Escalda em Antuérpia (Anvers, Escault)

Rio Escalda em Antuérpia (Anvers, Escault)

 

Anvers

Anvers, (em holandês: Antwerpen, em português: Antuérpia), é a maior cidade da região da Flandres na Bélgica, com uma população total de 514.952 (em 1 de Janeiro de 2015). É conhecida como o centro mundial de lapidação de diamantes e pelo seu porto, um dos maiores do mundo, localizado nas margens do Rio Escalda. Os habitantes de Antuérpia são localmente apelidados Sinjoren, após o título honorífico espanhol señor. Refere-se aos nobres líderes espanhóis que governaram a cidade durante o século XVII.

Antuérpia é também um município, localizado no distrito e província com o mesmo nome, na região da Flandres.

No decorrer do século XV, o seu porto adquiriu grande relevância no comércio internacional, com a pioneira fundação de primitiva “bolsa” na cidade, que rapidamente transformou Antuérpia num dos mais bem-sucedidos centros comerciais e produtores do Velho Continente. Fortes tempestades e tsunamis na costa da Flandres ocorridas em 1375-76 e em 1406 acabaram por criar um porto de abrigo profundo permitindo a chegada de grandes navios. Os primeiros capitalistas de Antuérpia foram estrangeiros, muitos deles italianos que tinham fugido à violência em Bruges – ameaçada por tentativas de anexação pela França. Duas bolsas funcionavam na cidade, a de mercadorias e a de instrumentos financeiros, como as letras de câmbio, hipotecas e certificados de aforro, uma experiência que herdara e melhorara de Bruges. Era uma cidade cosmopolita, uma comuna livre no final da Idade Média, uma cidade de igrejas e de congregações religiosas católicas, fortemente apoiadas pela população rica.

Quando os portugueses abriram a rota marítima para a Índia, Antuérpia foi um centro de comércio ainda mais proeminente, porque o rei de Portugal enviava para Antuérpia quase tudo que chegava a Lisboa, vindo da Ásia; as corporações da cidade compravam carregamentos inteiros que daí seguiam para o resto do mundo ofuscando o brilho comercial de Veneza. Transferiram dessa forma a feitoria que na Idade Média mantinham em Bruges. Este facto revelou-se da maior importância para a cidade. Com os portugueses, instalou-se igualmente forte colónia mercantil espanhola, passando os negócios das coroas ibéricas a fazer-se maioritariamente por aqui. Assim, ao longo do século XVI, Antuérpia tornou-se um centro da “economia do Mundo”.

A prosperidade desta cidade prosseguiu ao longo desse século, atraindo inúmeros judeus, expulsos de Portugal, na sequência da implementação de política antissemita desencadeada pelo governo português, que procuravam nessa cidade livre grandes oportunidades de enriquecimento. Essa comunidade de exímios mercadores e artesãos enriqueceu o negócio da indústria dos diamantes e, consequentemente, a própria cidade, que passou a contar com a colaboração de artífices especializados no trato comercial.

Para além de ser um centro económico, Antuérpia era igualmente centro cultural e intelectual. Por exemplo, ali nasceu em 1599 o pintor Anthony van Dyck. No entanto, a sua pujança foi irremediavelmente abalada por problemas religiosos depois de 1567, data em que tropas espanholas saquearam a cidade. Antuérpia foi de novo atacada em 1584, sendo, dessa feita, forçada a render-se aos espanhóis em 1585. No século XVII, mais precisamente em 1648, foi mais uma vez lesada na sequência da Guerra dos Trinta Anos. Em questão estava o Tratado de Paz de Vestfália, que determinou o encerramento do Rio Escalda à navegação, o qual foi reaberto somente em 1795 pelos franceses.

O facto de ser considerado o centro mundial do diamante deve-se a que nessa cidade são negociados 80% dos diamantes brutos e 50% dos diamantes lapidados do mundo. De acordo com dados divulgados pelo Alto Conselho para o Diamante (HRD) em 2004, foram exportados mais de 8 mil milhões de dólares norte-americanos. Ainda de acordo com o HRD, o sector do diamante em Antuérpia movimentou nesse ano 34 mil milhões de dólares, e representou perto de 7% das exportações da Bélgica.

São muito característicos desta cidade os bulevares (baluartes/praças-forte/avenidas) que vieram substituir as muralhas que circundavam Antuérpia. O interior do seu núcleo histórico guarda a Catedral de Notre Dame, igreja gótica dos séculos XIV e XV, que constitui o maior templo da Bélgica, com a sua flecha de quase 122 metros. Das obras de arte mais significativas desse templo, destacam-se várias pinturas de Petrus Paulus Rubens, artista que viveu a maior parte da sua vida nessa cidade.

Outros edifícios dignos de destaque são a Igreja de São Paulo, que contém obras de Caravaggio e de Van Dyck, e a Câmara, ambas terminadas no século XVI. As construções medievais estão ainda presentes no lugar do mercado público. Destacam-se também os Jardins Botânico e Zoológico e o Museu de Belas Artes, onde se encontram expostas algumas das obras-primas dos mestres flamengos, reconhecidos pela sua excelência na representação de pormenores pictóricos, como sejam as joias e os tecidos, que têm uma incrível semelhança com os objectos reais, para além da qualidade da cor exibida nos seus quadros.

 
RIO ESCALDA EM ANTUÉRPIA
 

Anvers, Escault

Escault (Fleuve), (em holandês: Schelde, em português: Rio Escalda), possui 350 km de extensão. Nasce no Norte da França, entra na Bélgica e, próximo de Antuérpia, toma a direcção Oeste para os Países Baixos, desaguando numa área denominada delta do Reno–Mosa–Escalda, no Mar do Norte. O Escalda é o principal rio entre as cidades belgas de Gante e Antuérpia.

Trata-se de um rio de importância comercial e estratégica clara. Existem relatos e vestígios desde o tempo dos Romanos. Apesar do clima desfavorável e constantes cheias da região, era para estes de grande interesse o acesso que proporcionava à região da Bretanha. O seu domínio na região estendia-se até perto de 100 km para Norte junto ao Rio Reno.

Por volta do ano de 260 começam as ofensivas dos Francos. Em 290 estes controlavam já o rio, e eram constantes os actos de pirataria a que as embarcações romanas estavam sujeitas. Em vão prosseguiam as tentativas romanas de os expulsar da região, quer no tempo de Constantino I quer já no de Juliano. Terá sido esta a altura que serviu de inspiração ao mito de Brabo, um soldado romano que matou Antigone, um cruel gigante que atormentava todos quantos passassem no rio, exigindo um imposto.

Juliano acabou por, em 355, ceder aos Francos os territórios da actual Flandres e Países Baixos na condição de estes formarem uma aliança e desse modo acabar com pirataria. Esta região foi, mais tarde, o ponto de partida para a invasão da Gália, já no reinado de Clóvis.

No século IX, os vikings usavam o Escalda como ponto de acesso à região dos países baixos, aquilo que actualmente constituí a Bélgica e Países Baixos.

No Tratado de Verdun de 843, após a morte de Carlos Magno, o seu reino foi divido em três. O Escalda tornou-se fronteira entre os reinos de Lotário I e de Luís ‘o Germano’, sendo seguidamente palco de diversos confrontos entre os dois reinos. Permaneceu como fronteira até 1528, então fronteira entre o reino da França e o Sacro Império Romano-Germânico.

No século XVII, a zona do Escalda tornou-se um importante centro económico graças ao comércio. Contudo, devido à queda da cidade nas mãos de Espanha, grande parte dos comerciantes mudou-se para Amesterdão. O trânsito no rio foi interditado às embarcações mercantis.

Apenas em 1813 foi reaberta a navegação comercial do Escalda, desta vez até 1830, data da independência da Bélgica. Após a pacificação das relações entre a Bélgica e os Países Baixos, em 1839, foi assinado um “Tratado do Escalda” onde belgas e holandeses se comprometeram a manter a livre circulação no rio.

Na Segunda Guerra Mundial, a zona era de importância estratégica e tornou-se palco de ferozes confrontos. Já após o desembarque na Normandia, os alemães tentaram capturar Antuérpia para cortarem as linhas de abastecimento dos aliados, e deu-se então a famosa Batalha das Ardenas.

Histórias de A a Z
— TEMA RELACIONADO —
 
Tratado de Versalhes e Fim do Império Alemão
— FILATELIA —