Segunda Guerra do Eslésvico (Deutsch-Dänischer Krieg) (1864)

Segunda Guerra do Eslésvico (Deutsch-Dänischer Krieg) (1864)

 

Deutsch-Dänischer Krieg

Deutsch-Dänischer Krieg, (em português: Guerra dos Ducados do Elba, também conhecida como Guerra dos Ducados, Segunda Guerra do Eslésvico (Schleswig), Guerra Dano-Prussiana ou Guerra Dinamarquesa), foi travada em 1864 entre a Dinamarca, de um lado, e, de outro, o Reino da Prússia e o Império Austríaco, estes últimos a agir em nome da Liga Alemã (Confederação Germânica). Tal como na Primeira Guerra do Eslésvico (Schleswig), foi travada pelo controlo dos ducados do Eslésvico (Schleswig) e da Holsácia (Holstein), cujo estatuto só foi finalmente definido por uma partilha após a Grande Guerra (1914-1918), quando o Eslésvico Setentrional votou em plebiscito pela união com a Dinamarca.

 
Ducado do Eslésvico (Schleswig)

Ducado Eslésvico, (em alemão: Herzogtum Schleswig), era um feudo localizado na península da Jutlândia, governado pelos dinamarqueses até à Guerra dos Ducados do Elba de 1864, quando, derrotados, cederam o controlo aos dois maiores estados germânicos, Reino da Prússia e Império Austríaco.

 
Ducado da Holsácia (Holstein)

O Ducado da Holsácia, (em alemão: Herzogtum Holstein) era o estado mais setentrional do então Sacro Império Romano, situado no actual estado alemão de Schleswig-Holstein. Teve origem quando o Rei Christian I da Dinamarca teve o seu feudo de Holstein-Rendsburg elevado a ducado pelo Imperador Frederico III, em 1474. Membros da Casa Dinamarquesa de Oldenburg governaram Holstein, juntamente com o Ducado de Schleswig-Holstein, durante toda a sua existência.

De 1490 a 1523 e novamente de 1544 a 1773, o Ducado foi dividido entre vários ramos de Oldenburg, mais particularmente os duques de Holstein-Glückstadt (idênticos aos Reis da Dinamarca) e Holstein-Gottorp.

O Ducado deixou de existir quando, após a Guerra Austro-Prussiana de 1866, o Reino da Prússia o anexou.

 
A Questão dos Ducados

Eslésvico (Schleswig) era um ducado soberano de maioria dinamarquesa, vinculado à coroa da Dinamarca por uma União Pessoal e por laços feudais. Já Holsácia (Holstein) era um ducado soberano, de maioria alemã, que integrara o Sacro Império Romano-Germânico e, de 1815 a 1864, à Liga Alemã (ou Confederação Germânica), mas ligado à Dinamarca por uma União Pessoal desde o século XV. Por outras palavras, o rei da Dinamarca era o duque do Eslésvico e da Holsácia, territórios governados, na prática, pelos dinamarqueses. O chamado Tratado de Ribe (1460) dispunha que os dois ducados não poderiam ser separados.

A extinção da linhagem real masculina da Dinamarca, com a morte do rei Frederico VII da Dinamarca, criou para os dinamarqueses o problema de como manter o seu controlo sobre o Eslésvico-Holsácia, cobiçado por defensores da unificação Alemã (as regras sucessórias dos ducados, que adoptavam a lei sálica, diferiam das dinamarquesas em caso de inexistência de herdeiro varão).

A seguir à agitação causada pelas Revoluções de 1848 (e com a questão sucessória dos ducados em mente), Frederico promulgou uma constituição democrática comum à Dinamarca e ao Eslésvico. Esse acto, apoiado pela Prússia, provocou um movimento separatista nos ducados que levou à eclosão da Primeira Guerra do Eslésvico (Schleswig).

As grandes potências europeias, interessadas em conter a Prússia, pressionaram-na a acatar, em 1852, os termos da convenção de Londres de 1850, pela qual o Reino Unido, a França, a Rússia e a Noruega-Suécia reafirmavam a integridade da Dinamarca, que recebia de volta o Eslésvico-Holsácia e, pelo protocolo adicional de 1852 com a Áustria e a Prússia, comprometia-se a não criar com o Eslésvico laços mais estreitos do que os existiam com o ducado da Holsácia.

Com a subida dos liberais ao poder em Copenhague, o rei Cristiano IX foi persuadido a assinar, em 18 de Novembro de 1863, uma nova constituição conjunta com o ducado do Eslésvico, o que contrariava o disposto no protocolo de 1852 e veio a ser o pretexto para que a Prússia e a Áustria interviessem militarmente contra a Dinamarca.

 
O Conflito

Desta vez, as potências europeias estavam distraídas com outros problemas e não acorreram em apoio à Dinamarca, que se viu frente à poderosa máquina militar da Prússia.

Após a Batalha de Dybbøl, os dinamarqueses, incapazes de defender a fronteira dos ducados, recuaram para o território da Dinamarca. As tropas da aliança austro-prussiana continuaram a avançar e, com a capitulação dinamarquesa, Prússia e Áustria assumiram a administração do Ducado do Eslésvico (Schleswig) e do Ducado da Holsácia (Holstein), respectivamente.

A paz foi celebrada com o Tratado de Viena, de 1864, pelo qual a Dinamarca cedia os dois ducados à Prússia e à Áustria. Estas duas potências, por sua vez, concluíram entre si a Convenção de Gastein, que dispunha sobre a administração dos ducados.

 
Consequências

As ambições territoriais prussianas deram fruto em 1866, quando desentendimentos acerca da administração dos ducados provocaram a Guerra Austro-Prussiana, pela qual o Reino da Prússia anexou definitivamente o Eslésvico-Holsácia. A Guerra dos Ducados pode, portanto, ser vista dentro do contexto da expansão prussiana e dos planos de Otto von Bismarck no sentido de unificar a Alemanha sob o controlo da Prússia.

A Questão dos Ducados do Elba era considerada tão complexa – devido à mistura de residentes dinamarqueses e alemães, à confusa rede de obrigações feudais e aos interesses nacionais das diversas potências europeias envolvidas – que Lorde Palmerston, primeiro-ministro britânico à época, comentou que apenas três pessoas entendiam a questão do Eslésvico-Holsácia: “uma morrera, outra enlouquecera e a terceira era ele próprio, que esquecera”. Ao que parece, porém, Bismarck seria então uma quarta pessoa.

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Postal alusivo à Segunda Guerra de Schleswig
(Batalha de Dybbøl – 18 de Abril de 1864)

(Verso do Postal)