1919 – 1957
O Sarre (em alemão, Saarland, Saarbeckengebiet, Saarterritorium) é um território, cuja capital é a cidade de Saarbrücken.
Sob a administração da Sociedade das Nações ( ou Liga das Nações), segundo os termos do Tratado de Versalhes em 1920, no pós Grande Guerra, foi desmembrado do Império Alemão e reanexado à França.
Esta situação também contribuiu para os motivos que levaram a Alemanha a iniciar a Segunda Guerra Mundial.
O Sarre no pós Tratado de Versalhes
Após o final da Grande Guerra, o Tratado de Versalhes estabeleceu que os territórios da bacia do Sarre, anteriormente parte da Alemanha, ficariam sob a administração da Liga das Nações por um período de 15 anos.
Como compensação pela destruição, por parte da Alemanha, das minas de carvão no Norte da França, e como parte dos ressarcimentos que a Alemanha deveria pagar pela guerra, a França obteve o controlo das minas de carvão do Sarre por esse período.
A administração do território foi concedida a uma Comissão administrativa que consistia em cinco membros escolhidos pelo Conselho da Liga das Nações: um representante da França, um alemão habitante nativo do Sarre e três representantes de países terceiros, excepto da França e da Alemanha.
No final dos 15 anos (em 1935), um plebiscito deveria determinar o estatuto final do Sarre.
Em 1933, um número considerável de políticos pertencentes ao partido Nacional-Socialista mudou-se para o Sarre, o único território Alemão que permanecera sob ocupação estrangeira após a Grande Guerra.
Os grupos anti-Nazis estavam interessados na permanência do Sarre sob administração Britânica e Francesa, mandatados pela Liga das Nações, no entanto, como a maioria da população era alemã, o mandato tornou-se cada vez mais impopular.
Com Adolf Hitler ansioso por ver o Sarre a voltar a ser território alemão, Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda alemão, concebeu uma campanha concertada para influenciar os eleitores.
O apoio das autoridades católicas locais também ajudou, assim como as preocupações sobre o Bolchevismo, contra a qual Hitler era visto como um baluarte.
O Plebiscito do Sarre
O plebiscito ocorreu em 13 de Janeiro de 1935 com uma participação eleitoral de cerca 98%. Os apoiantes da reintegração imediata do Sarre na Alemanha venceram com um total de 90,73% de votos. Apenas 8,86% de votantes pretendiam manter o status quo e os restantes 0,41% desejavam a união com a França. O retorno à Alemanha efectivou-se no dia 1 de Março de 1935.
Uma força policial internacional, composta de soldados da Grã-Bretanha, da Holanda, da Itália e da Suécia, foi destacada para manter a ordem no dia do plebiscito.
O Sarre no pós Segunda Guerra Mundial
A 10 de Fevereiro de 1945, durante a Conferência de Ialta, os líderes dos principais países aliados: Josef Stalin (Estaline), Winston Churchill e Franklin Roosevelt, concordaram em aceitar a França como a quarta potência de ocupação, abrindo caminho para a criação de quatro, e não três, zonas de ocupação no território Alemão.
Assim, em Julho de 1945, tropas de ocupação francesas tomaram o lugar dos militares americanos na região do Sarre (Saarland). O governo local foi dissolvido e, a 30 de Agosto de 1945, assumido por um governo militar francês, sob ordens do General Gilbert ‘Grandval’.
A França tinha como intenção a separação do estado do Sarre do resto da zona de ocupação francesa na Alemanha, intenção essa vetada pela União Soviética. Depois de muitas negociações o modelo adoptado foi o da constituição de uma união económica e pela autonomia restrita da região.
Em 26 de Dezembro de 1946 a França fechou a fronteira do pequeno estado com a Alemanha. Foi permitida a criação de partidos políticos e incentivado o desenvolvimento da região, levando obviamente em conta os interesses de Paris.
Integração económica e monetária
O então ministro francês do Exterior encarregou o governador militar ‘Grandval’ de formar uma comissão que elaborasse uma Constituição, baseada nas constituições de outros estados alemães, tendo como objectivo de a longo prazo o território ser integrado na França. Do memorando constava que o Sarre deveria ser anexado à França, dos pontos de vista económico e político-monetário. Para isso teria que adaptar a sua política alfandegária e as questões do direito monetário à França. Seria politicamente autónomo mas as relações exteriores e a defesa seriam da responsabilidade francesa. Impunha ainda a presença de um comissário francês com jurisprudência para garantir a aproximação económica.
Alguns partidos tentaram em vão diminuir a influência francesa. Outros reivindicaram um plebiscito, categoricamente rejeitado pelo administrador ‘Grandval’.
Em 1950 a opinião pública manifestava alguma resistência às estreitas relações económicas com a França e, em especial, contra a eventual naturalização francesa dos habitantes. O governo militar tentou acalmar a população, sem grande sucesso. A população temia a anexação à França.
No entanto, em Outubro de 1955 a maioria da população acabou por manifestar, em plebiscito, o desejo de reintegração à República Federal da Alemanha.
O plebiscito, convocado para a votação da independência do Sarre, embora tendo o apoio do chanceler alemão Ocidental Konrad Adenauer, foi rejeitado. A maioria optou pelo regresso do Sarre à República Federal da Alemanha, o que aconteceria formalmente a 1 de Janeiro de 1957.