Tratado de Versalhes – Schleswig

Tratado de Versalhes – Schleswig

1919 – 1920

 

Schleswig

 

Brasão de Schleswig

Schleswig ou Jutlândia do Sul (em dinamarquês “Sønderjylland” ou “Slesvig”, em alemão “Schleswig”, em baixo-alemão “Sleswig”), é uma região que abrange uma área de cerca de 60 km a Norte e 70 km a Sul da fronteira entre a Alemanha e a Dinamarca.

O Ducado de Schleswig, ou Jutlândia do Sul, foi parte integrante da Dinamarca, mas na Idade Média era um feudo do Reino da Dinamarca, com a mesma afinidade que Brandemburgo ou a Baviera detinham com a Coroa Dinamarquesa, em relação ao Sacro Imperador Romano.

Os feudos e as alianças conjugais trouxeram à dinastia Abel uma estreita ligação com o Ducado Alemão de Holstein no século XV. O último era um feudo subordinado ao Sacro Império Romano, enquanto Schleswig permaneceu um feudo Dinamarquês. Esta dupla lealdade acabou por se tornar a raiz da principal disputa entre os estados Alemães e Dinamarqueses no século XIX, quando as ideias de nacionalismo romântico e do Estado-nação conquistaram o apoio popular.

 
A Questão Schleswig-Holstein e as Guerras de Schleswig (ou dos Ducados do Elba)

No decorrer do conflito entre a Dinamarca e os Estados Alemães sobre Schleswig e Holstein levou à Questão Schleswig-Holstein no século XIX.

Após as derrotas da Dinamarca na Primeira Guerra de Schleswig (1848–1851) e em consequência dessa na Segunda Guerra de Schleswig (ou dos Ducados do Elba) em 1864, a Prússia e a Áustria assumiram, respectivamente, a administração de Schleswig e de Holstein ao abrigo da Convenção de Gastein, de 14 de Agosto de 1865.

Guerras de Schleswig ou dos Ducados de Elba

Na sequência da Guerra Austro-Prussiana de 1866 e na denominada Paz de Praga, os Prussianos vitoriosos anexaram Schleswig e Holstein, criando a província de Schleswig-Holstein.

Pelo Artigo V da Paz de Praga, Schleswig foi cedido pela Áustria à Prússia com a reserva de que as populações do Norte de Schleswig se poderiam unir novamente à Dinamarca, caso expressassem esse desejo por votação (através da realização de um plebiscito).

O plebiscito nunca aconteceu. A Prússia não teve, desde o início, nenhuma intenção de ceder um centímetro do território que tinha sido conquistado.

Posteriormente, com o resultado da Guerra Franco-Prussiana, favorável à Prússia, a realização do plebiscito deixou de ser uma realidade e, pelo Tratado de Viena de 11 de Outubro de 1878, a cláusula relativa ao plebiscito foi formalmente revogada com o consentimento da Áustria.

 
O Plebiscito de Schleswig após a Grande Guerra

Zonas do Plebiscito

A Província de Schleswig foi arbitrariamente dividida, pelos dinamarqueses, em duas zonas – Zona 1 (no Norte, com uma clara maioria dinamarquesa, mas com importantes áreas de influência alemã) e Zona 2 (no Sul, com uma clara maioria alemã e sem áreas de maioria dinamarquesa). Cada zona teve que decidir, em sufrágios separados, a que país queria pertencer.

Após a Alemanha ter perdido a Grande Guerra, em que a Dinamarca tinha permanecido neutral, os vencedores ofereceram à Dinamarca a possibilidade de redesenhar a fronteira entre esta e a Alemanha. O governo de Carl Theodor Zahle preferiu a realização do Plebiscito de Schleswig, de forma a permitir que os seus habitantes decidissem a que nação e território deveriam pertencer.

As potências Aliadas organizaram um referendo em Schleswig do Norte e Central. Em Schleswig do Norte, a 10 de Fevereiro de 1920, 75% votaram a favor da reunificação com a Dinamarca e 25% votaram a favor da Alemanha. Em Schleswig Central, a 14 de Março de 1920, os resultados foram invertidos, com 80% a votar a favor da Alemanha e apenas 20% a favor da Dinamarca, principalmente em Flensburg.

Plebiscito de Schleswig, 10 de Fevereiro de 1920

Enquanto no Norte de Schleswig algumas regiões mais pequenas tinham uma clara maioria de eleitores a favor da Alemanha, nas regiões centrais de Schleswig todas votaram favoravelmente na Alemanha.

No restante terço de Schleswig do Sul não ocorreu votação porque era previsível o resultado favorável à Alemanha.

A 15 de Junho de 1920, Schleswig do Norte regressou oficialmente ao governo Dinamarquês. A Alemanha continuou a deter a totalidade de Holstein e o centro e Sul de Schleswig que, mais tarde, viriam a formar a província Prussiana de Schleswig-Holstein.

A fronteira Germano-Dinamarquesa foi a única das fronteiras impostas à Alemanha, depois da Grande Guerra, que nunca foi contestada por Hitler.

 
A Segunda Guerra Mundial

Ocupação Alemã da Dinamarca, 1940

Na Segunda Guerra Mundial, depois da Alemanha Nazi ter ocupado toda a Dinamarca, houve uma agitação provocada pelos líderes locais Nazis em Schleswig-Holstein para a restauração da fronteira do pré-Grande Guerra e a reanexação das áreas concedidas à Dinamarca após o plebiscito, para a Alemanha – como os Nazis fizeram na Alsácia-Lorena, no mesmo período.

No entanto, Adolf Hitler impugnou qualquer passo fora da política geral Nazi, baseada na ocupação da Dinamarca e numa espécie de acomodação do Governo Dinamarquês, evitando, assim, confrontos directos com os Dinamarqueses.

 
Após a Segunda Guerra Mundial

Após a Alemanha ter perdido a Segunda Guerra Mundial, a Dinamarca teve novamente a possibilidade de poder readquirir algum do seu território perdido em Schleswig.

Embora sem alterações territoriais, teve como efeito a renúncia forçada do Primeiro-Ministro Knud Kristensen após um voto de não confiança, porque o Folketing (Parlamento Dinamarquês) não apoiou o seu entusiasmo na incorporação do Sul de Schleswig na Dinamarca.

Apesar de ter existido, como resultado, uma minoria Dinamarquesa no Sul de Schleswig e uma minoria Alemã no Norte de Schleswig, foi-lhes concedido a prática do seu dialecto e cultura, a tal ponto que a divisão e as minorias, a partir de 2009, não são consideradas questões políticas entre a Dinamarca e a Alemanha.

Divisão da Jutolândia (a vermelho a parte Dinamarquesa e a laranja a parte Alemã)