Tribunal Artus, em Danzig (Danziger Artushof)

Tribunal Artus, em Danzig (Danziger Artushof)

 

Danzig

Danzig, (em Polaco: Gdańsk), é uma cidade Polaca da costa do Báltico, situada no centro da quarta maior área metropolitana do país. A cidade é limitada pela margem Sul da Baía de Gdansk (do mar Báltico) que, juntamente com a cidade de Gdynia e comunidades suburbanas, formam uma área metropolitana chamada Trójmiasto, com mais de 800.000 habitantes.

Gdańsk tem uma população de 455.830 habitantes (Junho 2010), tornando-a a maior cidade da região do Norte da Pomerânia Polaca.

Gdańsk é o principal porto marítimo da Polónia, bem como a capital da Voivodia (região administrativa) da Pomerânia. A cidade fica perto da fronteira medieval/moderna entre o Ocidente Eslavo e territórios Alemães, possuindo uma complexa história política com períodos de governação Polaca, períodos de domínio Alemão e extensos períodos autónomos, com dois mandatos como cidade livre.

Gdańsk faz parte da Polónia desde 1945.

Gdańsk está situada na foz do Rio Motława, ligado ao Leniwka, um ramo no delta existente nas proximidades do Rio Vístula, o qual abastece de água potável cerca de 60% do território Polaco, ligando Gdańsk à capital nacional, Varsóvia. Este facto dá à cidade uma vantagem única: o centro do comércio marítimo Polaco. Juntamente com o porto vizinho de Gdynia, Gdańsk é também um importante centro industrial. Historicamente, além de ter sido um porto importante e centro de construção naval, Gdańsk também pertenceu à Liga Hanseática.

A cidade foi o berço do movimento da Solidariedade que, sob a liderança do activista político Lech Wałęsa, desempenhou um importante papel, terminando com o domínio comunista na Europa Central.

 
Breve Resumo Histórico
  • 997 – 1308: como parte do Reino da Polónia;
  • 1308 – 1454: como parte do território da Ordem Teutónica;
  • 1454 – 1466: na Guerra dos Treze Anos;
  • 1466 – 1569: como parte do Reino da Polónia;
  • 1569 – 1793: como parte da República das Duas Nações;
  • 1793 – 1805: como parte da Prússia;
  • 1807 – 1814: como cidade livre;
  • 1815 – 1871: como parte da Prússia;
  • 1871 – 1920: como parte da Alemanha Imperial;
  • 1920 – 1939: como Cidade Livre;
  • 1939 – 1945: como parte da Alemanha Nazi;
  • 1945 – 1989: como parte da República Popular da Polónia;
  • 1989 – Até hoje: como parte da República da Polónia.

A 15 de Maio de 1457, Casimiro IV da Polónia concedeu a Gdańsk o “Grande Privilégio”, por este município o ter convidado e lá ter permanecido durante cinco semanas. Com o Grande Privilégio foi-lhe concedida autonomia dentro do Reino da Polónia. Além disso, o Privilégio uniu as cidades de Old Town, Hakelwerk e Rechtstadt e legalizou a demolição da cidade de New Town. Ainda em 1457, New Town foi demolida totalmente.

Ao ganhar livre e privilegiado acesso, pela primeira vez, ao mercado Polaco, o porto prosperou negociando simultaneamente com outras cidades hanseáticas. Após a Segunda Paz de Thorn em 1466 com o Estado Monástico Teutónico da Prússia, a guerra terminou definitivamente. Depois da incorporação da Prússia Real no Reino da Polónia em 1569, a cidade continuou a desfrutar de um elevado grau de autonomia interna.

Após o Cerco de Danzig, em 1577, que durou seis meses, o exército da cidade, com cerca de 5.000 mercenários, foi totalmente derrotado numa batalha de campo a 16 de Dezembro. No entanto, como os exércitos do rei polaco, Stefan Batory, foram incapazes de tomar a cidade pela força, foi alcançado um acordo: o rei confirmou o estatuto privilegiado de Danzig concedido pela Lei anterior dos anteriores Reis Polacos.

A cidade sofreu um lento declínio económico devido às guerras do século XVIII, quando foi tomada pelos Russos após o Cerco de Danzig, em 1734.

Danzig foi anexada pelo Reino da Prússia em 1793. Durante a era de Napoleão Bonaparte a cidade tornou-se numa cidade livre entre 1807 e 1814.

Entre 1824 e 1878, o Leste e o Oeste da Prússia eram uma única província dentro do Reino da Prússia. Como parte da Prússia, Danzig era membro da União Aduaneira (Zollverein), tendo elegido os seus representantes para a Assembleia Nacional Alemã de 1848, mas estava fora das fronteiras da Confederação Germânica (1815-1866). Na segunda metade do século XIX o crescimento da população Alemã na cidade estava lentamente a reverter-se, com mais Polacos a acomodar-se na cidade, principalmente da Pomerânia, e com parte da população local a descobrir as suas raízes Polacas.

Em 1871 a cidade foi incluída no recém-criado Império Alemão.

 
Cidade Livre

A Cidade Livre de Danzig foi uma semi-autónoma cidade-estado que existiu entre 1920 e 1939.

Dela fazia parte o porto do Mar Báltico de Danzig e as áreas adjacentes.

A Cidade Livre foi criada a 15 de Novembro de 1920, em conformidade com os termos da Parte III, Secção XI do Tratado de Versalhes de 1919, sem a existência de um plebiscito. Faziam parte da Cidade Livre a cidade de Danzig e mais de duzentas cidades vizinhas, vilas e povoados.

Em conformidade com o estipulado pela Sociedade das Nações (ou Liga das Nações), a região permaneceria separada da nação Alemã, e da recém-ressuscitada Polónia. A Cidade Livre não era um Estado independente, encontrava-se sob a protecção da Liga das Nações e foi colocada na União Aduaneira com a Polónia. A Polónia também teve direitos de utilização especial na cidade. A Cidade Livre foi criada para dar à Polónia acesso ao mar.

Em 1933, o governo da cidade foi assumido pelo Partido Nazi local e a oposição democrática foi suprimida.

Após a invasão Alemã da Polónia em 1939, o estatuto de Cidade Livre foi abolido e Danzig foi incorporada no recém-formado “Reichsgau” (uma subdivisão administrativa), na Danzig Ocidental da Prússia. Iniciou-se a discriminação generalizada anti-Semita e anti-Polaca seguindo-se uma série de assassinatos organizados.

Antes do final da Segunda Guerra Mundial, a Conferência de Ialta estabeleceu que a cidade voltaria a chamar-se Gdańsk, nome de origem Polaca, sob a administração “de facto” da Polónia. Esta decisão foi confirmada na Conferência de Potsdam.

A administração Polaca foi implementada numa Gdańsk devastada, a 30 de Março de 1945. A partir de 1948 mais de dois terços dos 150 mil habitantes veio do Centro da Polónia, cerca de 15 a 18 por cento de áreas onde o Polaco era a o idioma usado, territórios estes a Leste da Linha Curzon e que foram anexados pela União Soviética após a Segunda Guerra Mundial.

Entre 1952 e finais dos anos de 1960, artesãos Polacos restauraram grande parte da antiga arquitectura da cidade, a qual foi 90% destruída na guerra.

Gdańsk foi palco de manifestações contra o governo que levou à queda do líder comunista da Polónia, Władysław Gomułka, em Dezembro de 1970, e dez anos mais tarde foi o berço do Sindicato Autónomo da Solidariedade, cuja oposição ao governo levou ao fim a administração do partido comunista, em 1989, e à eleição como presidente da Polónia do seu líder, Lech Wałęsa. Permanece até hoje um importante porto e cidade industrial.

 
TRIBUNAL ARTUS EM DANZIG
 

Danziger Artushof

O Artushof, (em Português: Tribunal Artus), é um edifício localizado no centro de Gdańsk, Polónia (em alemão: Danzig), que foi usado como local de encontro de comerciantes e como centro de convívio social. Hoje é um ponto de interesse de inúmeros visitantes e uma filial do Museu de História de Gdańsk.

O nome foi retirado da lenda popular da Idade Média do Rei Artur, um símbolo do cavalheirismo e da bravura. O apogeu do Tribunal Artus aconteceu nos séculos XVI e XVII, todavia a sua história é muito maior. O nome do edifício “curia regis Artus” (O Tribunal do Rei Artus), que foi construído nos anos 1348-1350, apareceu pela primeira vez em 1357 na nota municipal sobre o aluguer de terras de 1350.

Foi construído outro edifício, provavelmente, em 1379. Os seus vestígios foram, presumivelmente, encontrados durante as escavações arqueológicas de 1991. Este edifício do Tribunal sofreu um incêndio em 1476. Foi reconstruído anos depois e, em 1552, foi construída uma nova fachada que, mais uma vez, foi reconstruída em 1617. O prédio foi adornado com estátuas de heróis antigos, alegorias de força e de justiça e a estátua de Fortuna (deusa Grega de Tyche). Colocaram-se medalhões com os bustos do Rei da Polónia Sigismund III Vasa e do seu filho Władysław IV Vasa, de cada lado do portal.

O interior é um grande salão Gótico. Desde 1531 tem sido completamente redecorado – as paredes foram cobertas com lambris e frisos de carácter mitológico e histórico. O mobiliário ricamente ornamentado e as inúmeras pinturas contribuem para o esplendor do salão.

Os mais famosos são, entre outras, as obras de artistas anónimos do final do século XV. A última pintura causou muita polémica, pois o artista usou a paisagem da cidade e representou algumas figuras importantes da época como personagens alegóricas, como o Orgulho e a Falta de Fé.

O salão foi decorado com pinturas, tapeçarias, modelos de navios, armaduras, brasões, pássaros exóticos e uma fornalha de 11 metros de altura feita por Georg Stelzner, entre 1545 e 1546.

O forno é coberto com 520 azulejos representando os maiores líderes europeus, os Protestantes, apoiantes da Liga de Esmalcalda, e os Católicos, entre os quais estão as imagens de Isabel de Portugal e de Carlos V.

O Tribunal Artus ficou seriamente danificado durante a Ofensiva do Exército Vermelho na Pomerânia Oriental, em 1945, mas foi reconstruído após a guerra. Na parede frontal do Tribunal há uma placa memorial de 1965, comemorativa do 20º aniversário do hastear da bandeira Polaca no Tribunal Artus pelos soldados da Primeira Brigada Blindada Polaca.

O imóvel foi inscrito no registo de monumentos a 25 de Fevereiro de 1967. Actualmente, o interior do Tribunal Artus está aberto aos visitantes. Existe, no interior, o departamento do Museu de História de Gdańsk.

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